ig - JULIANNE CERASOLI (CEDOC)
Os holofotes estão sobre Sebastian Vettel depois que o tetracampeão voltou a vencer após mais de um ano - e logo em sua segunda corrida pela Scuderia. Mas o alemão não pilota a única Ferrari que vem se mostrando competitiva neste começo de temporada da F-1. Engolido por Fernando Alonso em seu primeiro ano após o retorno à equipe italiana, Kimi Raikkonen parece estar recuperado do apagão e dá sinais de que pode ter uma briga apertada com o novo companheiro. O finlandês tem ficado à frente do alemão nos treinos livres com certa constância e, quando fica atrás, nunca perde por mais de quatro décimos, algo bem diferente de sua realidade ano passado, quando colecionou resultados desfavoráveis em relação a Alonso: 16 a 3 em classificações, 15 a 1 em corridas e 161 a 55 em pontos. Só faltam os resultados: foi tocado nas primeiras voltas das duas etapas iniciais e teve de fazer provas de recuperação, ainda que possa assumir a responsabilidade por se colocar em uma posição de perigo no GP da Malásia: o finlandês não conseguiu aproveitar a única volta que teve com pista seca na segunda parte da classificação e foi eliminado, largando no perigoso meio do pelotão. Percalços à parte, o que ficou da corrida malaia foi a excelente recuperação do ferrarista, que chegou a ocupar a penúltima colocação e terminou em quarto. Isso, mesmo com o assoalho do carro avariado pela volta inteira que teve que dar sem um dos pneus, furado após toque de Felipe Nasr, o que prejudicou a aerodinâmica de seu carro. Mas, afinal, o que está por trás deste novo Kimi? O próprio piloto e os engenheiros da Ferrari repetiram durante todo o ano passado que os problemas de adaptação do finlandês com o carro de 2014 só seriam solucionados com um novo modelo. Raikkonen não gostava da tendência do carro deslizar com a parte da frente, característica que os modelos da Ferrari ganharam na era Alonso, e tinha pouca sensibilidade ao volante. A resposta inconstante do torque do motor também não ajudava seu estilo, e só fazia a espiral negativa crescer. Era preciso, portanto, além de desenvolver o motor - algo que, por regulamento, só poderia ser feito para a temporada seguinte - mudar alguns conceitos no carro. E foi o que James Allison fez em seu primeiro projeto na Ferrari. Após projetar os dois ótimos carros da Lotus com os quais Raikkonen brilhou em 2012 e 2013, o engenheiro chegou em Maranello poucos meses antes do piloto e mostrou, mais uma vez, que entende do que o campeão de 2007 precisa para render bem.