Coluna publicada na edição de 23/4/19 do Correio Popular
O Corinthians fez história ao conquistar um raríssimo tricampeonato paulista. O fato de os três títulos terem sido conquistados pelo mesmo treinador já faz de Fábio Carille um nome especial na história do clube. Junte-se ao feito seu excepcional aproveitamento em clássicos e a conquista do Brasileiro de 2017 e praticamente temos um Tite em formação. Tite conquistou dois Brasileiros, um Paulista, uma Recopa, uma Libertadores e um Mundial pelo clube e isso foi determinante para que chegasse à Seleção. Mas será que Carille está no mesmo caminho? O trabalho apresentado nesses anos de conquistas seria suficiente para render apoio popular? Sua escolha para comandar o time nacional seria bem recebida pela torcida e pela imprensa, como aconteceu com Tite em 2016? Eu acho que não. As conquistas de Carille impressionam pela quantidade, mas não pelo modo como a equipe se apresenta. Não se trata de exigir que um clube brasileiro apresente o mesmo futebol vistoso e intenso que estamos acostumados a ver na Premier League, por exemplo. Mas não dá para negar que um time desse tamanho e que acaba de conquistar um tricampeonato poderia (e deveria) jogar um pouco mais. No nível apresentado hoje, o Corinthians pode até ganhar torneios com mata-mata (vejam como foi difícil passar por Ferroviária e Santos), mas dificilmente será capaz de brigar por títulos mais expressivos, como aqueles conquistados na era Tite. O Paulistão passou a adotar a fórmula com quatro grupos em 2014. Em seis edições, apenas três times foram campeões: Ituano (2014), Santos (2015 e 2016) e Corinthians (2017 a 2019). O time de Carille fechou sua campanha no domingo com 16 gols em 18 partidas. A média de apenas 0,89 gol por partida é a menor das seis. Fica abaixo até do que a média de 0,95 obtida pelo Ituano. É anormal que um time do Interior seja campeão. Se chegou lá fazendo o mínimo necessário, parabéns. Foi um feito expressivo do mesmo jeito. Mas, quando um time grande é campeão, espera-se que faça como o Santos, que faturou o bicampeonato com médias de 1,89 e 1, 79 gol por jogo. Mesmo em 2017 (1,22) e 2018 (1,28), o Timão de Carille ficou bem abaixo disso do que apresentou agora. É pouco, não empolga e não é agradável de se ver. Isso não significa absolutamente nada na hora de celebrar o histórico tricampeonato paulista. Mas o Brasileirão vem aí e Carille sabe que vai precisar tirar um pouco mais de seu time. Equipes que marcam menos de um gol por jogo dificilmente conseguem vaga na Libertadores.