JOGO RÁPIDO

O caminho de Tite até a segunda chance

Coluna publicada na edição de 20/11/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
20/11/2018 às 02:00.
Atualizado em 05/04/2022 às 20:29

A Seleção Brasileira faz hoje, contra Camarões, sua última apresentação em 2018. Os números da equipe sob o comando de Tite seguem impressionantes, mas a temporada foi difícil para o treinador. Para a Seleção Brasileira, dona de uma história única no futebol, ano de Copa do Mundo nunca termina bem se não for com o título. A seleção mais encantadora que vi jogar voltou criticada da Espanha em 1982. As exibições do timaço comando por Telê Santana encantam o planeta até hoje, mas o treinador foi criticado e chamado de pé frio. Em 1994, a equipe pragmática de Parreira foi campeã, ao vencer a decisão por pênaltis depois de uma final sem gols contra a mesma Itália. Não há comparação entre a qualidade das seleções de 1982 e de 1994. Mas uma perdeu a Copa em um detalhe e a outra ganhou a Copa em um detalhe. E, na prática, essa é a linha que separa o sucesso do fracasso. Portanto, não importa se Tite tem quase 83% de aproveitamento na Seleção. Não importa se, com ele, o Brasil sofreu apenas 7 gols em 31 partidas. Não importa se o time jogou melhor do que a Bélgica na fatídica eliminação nas quartas de final. Não importa se outros gigantes do futebol mundial passaram vergonha na Rússia. O que importa é que o Brasil não ganhou a Copa e isso afeta o prestígio de Tite. Os números (25 vitórias, quatro empates e duas derrotas) estão aí para mostrar que a CBF acertou ao renovar o contrato do treinador. Mas, por mais que seja capaz de melhorar seu já impressionante rendimento, Tite vai carregar esse fracasso nas costas até 2022. Vitórias em amistosos contra o Uruguai de Suarez e Cavani ou contra Camarões de Seedorf serão solenemente ignoradas pela crítica. Eventuais tropeços serão analisados à exaustão, sempre com citações à derrota para a Bélgica na Arena Kazan. Em 2019, o Brasil vai disputar uma Copa América em casa. Apesar dos vexames nas últimas edições, a eventual conquista do título será analisada pela imprensa e pela torcida como uma “obrigação”. Uma eventual derrota na final para a Argentina com um gol irregular de Messi será motivo para dar início a uma campanha pela queda de Tite. O técnico precisa aproveitar amistosos como o de hoje para deixar a Seleção ainda mais forte. Disputar 31 jogos, ganhar 25 e sofrer sete gols são virtudes que evidenciam a realização de um bom trabalho. Mas quem aceita o desafio de comandar a Seleção sabe que só existe um jeito de escrever seu nome na história. Tite perdeu a primeira chance e precisa de muitas vitórias para chegar a 2022 no cargo que ocupa hoje.

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