O amigo patriota traga um gole farto de cachaça mineira antes de proferir a frase quase certeira: "A partir de hoje, o Brasil vai deixa de ser Brazil". Acordei no ato para o que a sentença pintava como retrato. Consegui até ouvir Elis cantar em meus ouvidos calejados palavras que até mesmo Gilberto Freire desconhece: tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde, piau, ururau, aqui, ataúde...Este é o Brasil mal diagramado da Copa do Brasil, muito diferente daquele que nós pintamos para os gringos mesmo quando profanamos os mais estranhos palavrões à realização da Copa do Mundo no Brasil.É a dualidade da bola: bebemos cachaça porque é assim mais tupiniquim, mas sabemos que somente os bebedores de uísque de todos os cantos do mundo verão o Mundial. Então, para entrar no jogo e não fazer engodo, por que não mostrar a todos o País que até agora ninguém quis?Chega de rima pobre, papo furado, bola nas costas e vamos ao Brasil que o Brazil desconhece. Ou você vai me dizer que está louco para saber quanto foi São Luis do Maranhão contra o Nacional de Amazonas? Ah, tudo bem, foi mal, o lance é ver Rondonópolis e CRB no estádio Luthero Lopes, que é muito mais Brasil que qualquer outro jogo da Copa no Brazil.Aliás, o slogan "Um País de Todos" só faz algum sentido quando olhamos para a tabela da competição nacional. Nada mais justo que jogar na cara e na programação da tevê os cafundós que nem o mais letrado militante conhece.Esquece, meu irmão, tu saber que ficar de blablablá, bafafá, sururu sempre acaba em olará, como o embate de ontem entre Parnahyba e Ceará.Não há cachaça de Salinas que salve a dor de ver o Brazil conhecer o Brasil. Vamos ter que empurrar tudo goela abaixo mesmo, seja com cana de açúcar ou afeto, discurso ou protesto, os problemas que assolam os cantos mais esquecidos do "País de Todos".É assim um tanto quanto estranho, tipo Barbalha x Cuiabá, Treze x Tombense, ou ficar mesmo à espera de ver Horizonte x Fluminense? É, camarada, não tá fácil pra ninguém, até porque a vida no Brazil só vai durar um mês e depois o Brasil volta a ser apenas mais um paraíso distante no horizonte. Mas sejamos sempre otimistas: nem tudo está perdido nestas querelas brasileiras. Façamos mandingas, sambas canções, pais nossos e orações que não haverá Brazil que não se orgulhe do Brasil.
