JOGO RÁPIDO

O Brasil está tão mal assim?

Coluna publicada na edição de 22/6/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
22/06/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 23:59

“Hoje não se ganha mais com a camisa, cada vez está mais equilibrado. O nível das equipes está muito igual e as partidas são cada vez mais parelhas.” A análise é de Lionel Messi e foi feita logo após o empate suado por 1 a 1 com o Paraguai, adversário que nunca conseguiu vencer a Argentina na história da Copa da América. O tabu só não caiu porque o goleiro Armani defendeu um pênalti. Ao dar essa entrevista, Messi também citou o empate entre Brasil e Venezuela. E certamente não imaginava que, horas depois, o tão elogiado Uruguai pudesse empatar com o Japão por 2 a 2. Ao final dessa partida, um comentarista do Sportv fez a seguinte avaliação: “O Uruguai não jogou mal, não”. Notem que o adversário era uma seleção olímpica de um país sem tradição no futebol. E, importante destacar, o jogo teve dois erros graves de arbitragem (com VAR e tudo) contra os garotos japoneses. Mesmo com tudo isso, a análise foi de que o Uruguai não jogou tão mal. Para chegar a essa conclusão, o comentarista levou em consideração que os uruguaios tiveram mais posse de bola, criaram várias chances de gol, acertaram a trave, etc... Por esse prisma, é possível afirmar que o Uruguai “não jogou tão mal”. O problema é que o Brasil jamais é analisado com os mesmos critérios. O Brasil teve uma absurda posse de bola contra a Venezuela, permitiu que o adversário finalizasse apenas uma vez e ainda fez três gols, todos anulados. Mas ninguém levou isso em consideração para afirmar que o “Brasil não jogou tão mal”. Ao contrário, as críticas foram pesadas, o resultado foi considerado humilhante e muita gente pede a demissão de Tite, um treinador que acaba de completar dois anos à frente da Seleção Brasileira. Seu retrospecto é de 30 vitórias, seis empates e duas derrotas. Foram 83 gols marcados e dez sofridos. Eu acho que Tite começou de forma espetacular e que o rendimento caiu após a Copa do Mundo. Mas será que, diante desses números, não dá para falar que o Brasil “não está tão mal assim”? Qualquer tropeço da Seleção é um vexame, uma prova incontestável da incapacidade de Tite. Mas elogiamos demais o trabalho de Óscar Tabárez, mesmo depois de um empate (com ajuda do juiz) no duelo entre Suárez e Cavani e Ueda e Tomiyasu. O futebol brasileiro não chegou ao fim, como muitos afirmam. É indiscutível que, ao contrário de outras épocas, a geração atual tem apenas um jogador extraordinário. Mas ainda temos uma seleção competitiva, que, assim como as outras, encontra dificuldades diante de adversários fracos que evoluíram nas últimas décadas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por