opinião

O Brasil e a disputa pela tecnologia 5G

Reinaldo Dias
14/06/2019 às 14:57.
Atualizado em 30/03/2022 às 20:33

O mundo industrial que teve início no final do século XVIII na Inglaterra está passando por uma profunda transformação denominada, desde 2013, de indústria 4.0 para referir-se à quarta revolução industrial. Essa nova revolução industrial não é uma simples mudança tecnológica. É uma mudança de filosofia e da estrutura econômica de tal dimensão que se torna difícil prever em que medida isso afetará a vida das pessoas. A crescente digitalização e coordenação colaborativa entre as unidades produtivas da economia é uma das consequências dessa transformação. Há muitos desafios sociológicos e trabalhistas que são e serão levantados pela indústria 4.0 e que já afetam muitas nações na atualidade e se acentuarão nos próximos anos. A defasagem tecnológica poderá provocar aumento da dependência entre nações. O fato é que a quarta revolução industrial está desafiando os velhos modelos de negócios e apresentando novas opções estratégicas que prometem melhorar a eficiência das empresas não importando seu tamanho ou tipo de indústria. As tecnologias móveis de quinta geração – 5G – funcionarão como alavanca para essa nova revolução industrial, permitindo o aumento da digitalização da sociedade e da economia. As operadoras de telefonia móvel em todo o mundo estão acelerando sua busca para implantar redes 5G com o objetivo de alimentar carros autônomos, realidade virtual, cidades inteligentes e a internet das coisas -IoT. Países que adotarem a tecnologia 5G manterão grande vantagem competitiva em relação àqueles que não o fizerem. Estes ficarão numa condição de subdesenvolvimento tecnológico difícil de superar no futuro. A rede sem fio de quinta geração é uma ferramenta de produtividade nacional incomparável. É 20 vezes mais rápida do que a 4G e possibilitará conectar diferentes objetos que interagirão entre si, permitindo a criação de fábricas e de cidades inteligentes. Nesse campo, destaca-se a empresa chinesa Huawei como a maior fornecedora mundial de infraestrutura de rede, bem à frente da concorrência quando se trata de tecnologia 5G. Não é surpresa que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha decidido incluir a empresa em sua lista negra. Trump quer colocar um freio na ascensão tecnológica e econômica da China. Nessa disputa pela hegemonia global os Estados Unidos, com a política de “América First”, buscam manter a posição de liderança sem compartilhar seu status mundial de desenvolvimento tecnológico com nenhum outro país. A China, por outro lado, apresenta-se com um projeto de desenvolvimento global compartilhado, com base na iniciativa denominada “Nova Rota da Seda”, que alinha seu próprio desenvolvimento com a expansão da economia global. O problema para os EUA é que a China já está bem à frente quando se trata dessas novas tecnologias. Também possui um mercado maior e com mais acesso a dados que os EUA, além de melhores condições de produção em massa. É por isso que muitos países se recusam a ceder aos EUA e a proibir a tecnologia da Huawei. Trump está isolando os EUA e bloqueando para si mesmo o acesso a novas e importantes tecnologias. O momento é de ajuste a essa nova realidade. E para ingressar nesse clube de países que adotam o 5G o Brasil deve se preparar. A corrida para ocupar as melhores posições já começou. Os próximos cinco anos serão fundamentais para o país não perder o passo. Há necessidade de preparar as empresas e os futuros trabalhadores, pois um aspecto fundamental para que esta renovação aconteça é a educação. A julgar pelas declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, não há qualquer plano do governo federal brasileiro de banir a empresa chinesa do país. Com essa medida abre-se espaço para que a empresa chinesa forneça material de telecomunicações para a implantação do 5G no Brasil, o que permitirá ao país dar grande salto para o futuro.

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