CARLO CARCANI

O blá-blá-blá do mata-mata

Carlo Carcani
carlo@rac.com.br
13/03/2015 às 00:54.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:48

Está cada vez mais forte o movimento de clubes pela volta do mata-mata ao Brasileirão. O assunto não deveria sequer ser discutido porque o Estatuto do Torcedor determina que o calendário nacional “adote, em pelo menos uma competição de âmbito nacional, sistema de disputa em que as equipes participantes conheçam, previamente ao seu início, a quantidade de partidas que disputarão, bem como seus adversários”.   Em outras palavras, a lei determina que o futebol brasileiro tenha ao menos uma competição nacional de pontos corridos. Mas quem liga para a lei, não é mesmo?   Quem sonega impostos e ignora leis trabalhistas vai se importar com o tal do Estatuto do Futebol? Claro que não.   Levantamento da Folha de S. Paulo mostra que 11 presidentes da Série A são a favor da mudança de regulamento, entre eles Vanderlei Pereira, presidente da Ponte Preta.   Já entre os 20 treinadores da Série A, 14 são a favor dos pontos corridos (entre eles o comandante da Macaca, Guto Ferreira). Três técnicos não opinaram, dois são indiferentes e apenas Argel Fucks, do Figueirense, prefere o mata-mata.   A adoção dos pontos corridos em 2003 fez com que o futebol brasileiro evoluísse. Todos os clubes das Séries A e B têm um calendário cheio e não ficam mais sem jogar durante três meses, como acontecia antes.   Isso é bom para os atletas, para os clubes e para os torcedores. Também é fundamental para a existência de duas importantes fontes de recursos: o sócio-torcedor e o pay-per-view.   Os clubes sabem disso e por isso nem cogitam a fórmula usada até 2002, ano no qual 18 clubes da Série A disputaram apenas 25 partidas e pararam de jogar no dia 17 de novembro. Só voltaram a campo dois meses e meio depois, no final de janeiro.   Essa fórmula não seria viável hoje, depois de 13 edições com calendário cheio para todos. Então, os criativos cartolas do futebol brasileiro criaram outra fórmula, com turno e returno e um mata-mata no final envolvendo o campeão e vice de cada turno.   A ideia é péssima. Afinal, permite que o campeão brasileiro seja rebaixado no mesmo ano. Permite que um time faça mais pontos do que os 19 concorrentes e ainda assim termine em quinto lugar.   Além disso, um mata-mata no Brasileiro só terá sentido se tiver jogos de ida e volta. Assim, a CBF teria que encontrar mais quatro datas para esse novo formato. O campeonato atual termina na segunda semana de dezembro. Quando seria a final? Quanto tempo os finalistas teriam de férias?   O ex-meia Raí disse que a volta do mata-mata seria um enorme retrocesso. Muitos pensam como ele, mas isso infelizmente não é suficiente para livrar o futebol brasileiro desse risco.

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