FABIANA BONILHA

"O Bem Supremo", para Coro e Orquestra

Fabiana Bonilha
25/07/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 07:42
iG - Fabiana Bonilha (Cedoc/RAC)

iG - Fabiana Bonilha (Cedoc/RAC)

Ao longo da vida, vamos aprendendo, com nosso coração, a ler música. Vamos, pouco a pouco, nos dando conta de que, impressa em nós, existe uma partitura a ser lida e interpretada. É a partitura da obra “O Bem Supremo”, uma peça grandiosa, composta pela mente e pelas mãos de nosso Criador, que nos foi dada a conhecer desde o nosso nascimento. Esta música se faz ouvir em toda ação cotidiana movida pela bondade e pela generosidade. Ela tem a duração de toda a história humana, e é interpretada por um grande coro formado pelas mais belas vozes daqueles que vivem em cada tempo.O coro ao qual cabe executar a partitura se constitui por todas as pessoas de boa vontade, que são sensíveis à ação de Deus e que têm a perfeita harmonia na prática do bem. A música que elas diariamente interpretam lhes traz grande paz e alegria, o que as incentiva a continuar cantando. Elas nunca pensam em interpretar uma obra à parte, com uma voz isolada que destoe do grupo. Seus corações estão sempre voltados para a comunhão, e para o propósito de executar a peça. Esta unidade, entretanto, não significa que o coro cante em uníssono. Pelo contrário, a música do Bem é toda polifônica, repleta de contraponto, e também com progressões harmônicas que sugerem movimentos, cujo dinamismo propõe alternadas dissonâncias e consonâncias.A orquestra que acompanha o coro, por sua vez, é formada por todos os elementos da natureza e por toda a criação, que também integram a peça. É uma orquestra que se compõe de timbres diversos, perfeitamente organizados e harmonizados para acompanhar o coro.Muito embora a partitura já esteja totalmente escrita, cabe ao coro e à orquestra bem interpretá-la. Para isso, seus integrantes precisam ser proficientes em leitura musical, conhecendo em detalhes o estilo composicional do Criador. Eles também podem contar com a privilegiada inteligência musical que receberam, e que lhes permite discernir a intenção de cada passagem. Além disso, precisam ter atenção ao Supremo Regente, a seus gestos que sugerem nuances, dinâmicas, fraseados e sutilezas estilísticas.Em todo o mundo, além das pessoas pertencentes a este coro, há uma multidão que ainda vive alheia à a esta música. Estes, desatentos e desavisados, vivem em busca de coisas terrenas, e não se dão conta da bela partitura que lhes caberia executar. Como vivem desorientados, eles cantam qualquer coisa que aparece diante deles, e vivem em desarmonia e desolação. Até que ouvem , ao longe, o som desta música, vinda de um coral que canta maravilhosamente e de uma orquestra que o acompanha. Então se aproximam e abrem os ouvidos, nascendo o desejo de se juntarem ao grupo! É assim que os praticantes do bem evangeliza, deixando que a música “O bem supremo” ressoe a distância, e possa ser ouvida por aqueles que estão dispersos.Cada um de nós foi convidado a interpretar o trecho de “O Bem supremo” que corresponde à primeira metade do século XXI. É um trecho particularmente complexo, e por isso, o regente nos designou para esta tarefa, já que somos tidos por Ele como excelentes coralistas. Fomos convidados a praticar o bem em meio a muitos apelos e valores incertos, mas recebemos o discernimento necessário para distinguirmos esta partitura entre muitas outras. Quando terminar nossa missão aqui na Terra, continuaremos a fazer parte do coro, só que em outra dimensão. Ganharemos uma noção de perspectiva e completude musical que não temos agora. A música continuará sendo a mesma, mas o lugar de onde a ouviremos vai mudar a nossa compreensão sobre ela. Já não ouviremos apenas os coralistas e instrumentistas mais próximos de nós, mas poderemos ouvir todo o coro, e poderemos ver face a face o Criador que o formou!*Fabiana Bonilha, Doutora em Música pela UNICAMP, psicóloga, é cega congênita, e escreve semanalmente no E-Braille. E-mail: [email protected]

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