ZEZA AMARAL

O amor que não é chama

Zeza Amaral
zeza@rac.com.br
25/11/2013 às 22:21.
Atualizado em 24/04/2022 às 21:20

Sonhamos sempre e sempre sonharemos. Vivemos porque sonhamos. E sonhamos para que nossos filhos vivam seus sonhos e é isso o que importa. Não é apenas o ter para nós e sim para os que estarão no futuro sonhando seus sonhos. Alma pontepretana; alma atávica; torcida ancestral.Em qualquer tempo ou situação tenho sempre em mim a paixão pontepretana. Não se trata de dedicação e torcer a um clube, a uma diretoria, mas a um grupo de jogadores que bem sabemos o quão lhes é difícil ganhar a sobrevivência do dia a dia, no pensar de suas famílias, nos filhos, na responsabilidade que têm para com seus pais, irmãos, amigos e, por último, e não menos menor, na paixão de milhares de torcedores que acreditam na sua luta franca para defender o nosso estandarte. Afinal, não há vitória na estratégia covarde dos salões atapetados e tampouco há derrota quando se faz o bom combate. Futebol sempre será onze contra onze e não uma guerra entre salários de mercenários.E legião são para os demônios. E eu sou apenas um pedaço de paixão que se soma a tantos outros iguais para acalentar e aquecer a bandeira alvinegra junto ao corpo. Somos tantos e somos apenas um. E quando a torcida levanta nos braços a bandeira sei bem que a Ponte sabe que sou eu que estou ali para abraçá-la, assim como o homem abraça a sua companheira, assim como o menino abraça a sua pequena namorada, assim como a criança abraça o seu avô, assim como todos se dão as mãos para a grande ciranda da vida, naquele eterno seguir em frente, porque somos livres para sentir todas as emoções da vida, da dor ou o prazer que ganhamos ou perdemos, mas que nada se compara com o amor alvinegro que sentimos quando a Ponte entra em campo, sem covardia e muito menos arrogância, mas apenas para jogar futebol e agradar os deuses dos estádios e seus súditos, os torcedores amantes e sinceros.Jogamos em qualquer campo e contra qualquer adversário; desconhecemos o contrário porque a bola é redonda, o campo é quadrado e o gol é retangular. E a vida do torcedor é sempre incerta; e disso ele sabe e por isso mesmo tenta fazer a sua parte no seu minúsculo latifúndio de cimento, onde apenas se pode semear paixão e colher espigas de esperança por mais um tempo de semeadura e novas esperanças de manter sua paixão contra tudo e todos. Amanhã será apenas mais um dia do futuro. Aliás, mais um dia para declarar uma paixão ponte-pretana. E Vinícius de Moraes jamais seria pontepretano.

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