RUBENS MORELLI

O amadorismo e a autodestruição

Rubens Morelli
03/04/2014 às 21:57.
Atualizado em 27/04/2022 às 01:12

É semana de decisão do Campeonato Paulista e só se fala em outras coisas por onde passo. Por que será? O Estadual não atrai interesse do público por pura incompetência da Federação Paulista de Futebol (FPF), que insiste na prepotência de que os grandes vencerão sempre. E quando a fórmula dá errado, a cartolagem apela pra última cartada: o mando dos jogos.Esta é a sexta vez seguida que o Santos chega à final. Contra o Corinthians, em 2009, 2011 e 2013, bateu o pé para jogar na Vila Belmiro. Em 2010, contra o Santo André, em 2012, contra o Guarani, e em 2014, contra o Ituano, aceitou a determinação da federação para jogar em São Paulo, sob o pretexto da arrecadação. Esse seria o discurso caso o Palmeiras fosse o finalista? Claro que não.Todos estão interessados no dinheiro a curto prazo, em vez de pensar no futuro. Por isso, o Estadual segue em ritmo acelerado para sua autodestruição. A FPF entende que os clubes do Interior servem apenas para fazer número na soma das datas disponíveis à realização dos jogos. E esses clubes, coniventes, aceitam as esmolas oferecidas em troca de votos para a permanência dos mandatários nos cargos. Um tiro no pé. Um ano após disputar o título, o Santo André foi rebaixado. O mesmo aconteceu com o Guarani. Não seria melhor fazer de tudo para ser campeão e ter dinheiro no ano seguinte?Com a desculpa da arrecadação maior para os finalistas, a FPF tira das cidades envolvidas uma chance de desenvolver a economia local. E tira dos apaixonados por futebol a oportunidade de acompanhar o time da cidade em uma decisão. A pouca quantidade de torcedores dos pequenos acompanha a visibilidade desses times durante o torneio. Em qualquer cidade do Estado, a torcida dos grandes é maioria, graças à burra superexposição deles.Visando o lucro imediato, a federação age para obter a maior cifra possível para ela hoje, em vez de fortalecer o torneio e fazer com que ele seja rentável para todos amanhã. Os próprios grandes deveriam lutar por isso. Afinal, quando eles precisam de reforços, olham para o Interior.Para juntar dinheiro na final, é preciso valorizá-la em primeiro lugar. Dar dois mandos de campo para o clube grande não é fazer isso. Já que o mata-mata é em jogo único, uma solução simples seria fazer o mesmo com a decisão, de preferência com o estádio definido antes do campeonato começar, como na Liga dos Campeões, por exemplo. Botar um show bacana também serve para agregar valor e aumentar o preço do ingresso e, consequentemente, a arrecadação. Seria o primeiro passo para deixar o amadorismo para trás.

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