Coluna publicada na edição de 18/6/19 do Correio Popular
A crítica do técnico do Paraguai, Eduardo Berizzo, à presença de convidados de outros continentes na Copa América ocorreu fora de hora. Como o argentino resolveu dar pitacos na organização do torneio logo depois de uma estreia ruim no Maracanã, ficou a impressão de que ele estava apenas tentando desviar o foco do inesperado empate por 2 a 2 com o Catar. O Paraguai era apontado como favorito e a sensação de “já ganhou” aumentou depois que Cardozo abriu o placar logo no início da partida. No começo do segundo tempo, Derlis Gonzalez ampliou a vantagem e tudo parecia definido. Os “convidados”, porém, não se entregaram. Capaz de construir boas jogadas, o Catar chegou a um merecido empate. Foi um placar justo pelo que apresentaram sul-americanos e asiáticos. Berizzo abordou o assunto em um momento inoportuno, mas sua reclamação faz sentido. Acho péssimo para a Copa América que quase todas as edições contem com a participação de seleções de outros continentes. No caso do Catar, fica claro que é uma participação meramente comercial. Desde que o país foi escolhido para receber a Copa do Mundo de 2022, o governo despejou caminhões (muitos caminhões) de dinheiro no desenvolvimento do futebol no País. O resultado já começa a aparecer em campo, mas é claro que a Conmebol não chamou o Catar para as edições de 2019 e 2020 da Copa América (sim, ano que vem tem mais) por sua qualidade técnica. Eu sei que é pouco para um torneio continental contar com apenas dez seleções. Mas seria melhor do que completar as vagas com Catar, Japão, Austrália e similares. É uma solução amadora. “Na Eurocopa não vemos convidados”, argumentou Eduardo Berizzo. Ele tem razão. A melhor solução para a Conmebol seria chegar a um acordo com a Concacaf e incorporar México, Estados Unidos, Costa Rica, Panamá, Jamaica e Haiti definitivamente ao torneio. Foi assim na edição de 2016, que contou com 16 seleções, todas do continente americano. O formato ideal, sem convidados, não se repetiu porque não houve acordo entre as confederações. A Conmebol não deveria desistir. É importante valorizar a Copa América. Realizar o torneio uma vez a cada quatro anos (e não em 2015, 2016, 2019 e 2020) e apenas com equipes do continente é o mínimo que se espera. A Copa América não precisa ser uma Euro, mas também não precisa ser tão relaxada, a ponto de convidar a equipe olímpica do Japão para disputar um torneio com seleções que, juntas, conquistaram nove Copas do Mundo.