EDITORIAL

O alto preço de manter um veículo

21/02/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 03:56

Todo ato criminoso é condenável, por representar uma afronta aos cidadãos, aos direitos individuais e coletivos, à liberdade de cada um, uma violência inominável de consequências sempre funestas para as vítimas, imoladas na vulnerabilidade que uma sociedade desarmada e confiante na proteção institucional. Quando a criminalidade atinge limites insuportáveis e anormais, é o sinal de quanto estão desgastados os recursos disponíveis, e falhos os instrumentos de aplicação da lei e da ordem.

Não bastassem os crimes contra as pessoas, que têm uma implicação obviamente mais dramática, vive a sociedade pressionada por todo tipo de agressão, mostrando as diversas faces da violência, desde os latrocínios à corrupção desenfreada que prospera na inação dos governantes. Desde os pequenos crimes que afetam a vida de cada um, há um sentimento generalizado de um levante contra as pessoas de bem, arquitetado por alguns que se arvoram dominadores impunes, que de forma contumaz seguem cometendo seus delitos sem que se vislumbre qualquer ação inibidora.

A sociedade paga um alto preço quando se trata de furtos e roubos de veículos. Seja pela ousadia do assalto ou pela ação dissimulada de arrombadores, praticamente não há defesa possível contra os ladrões a não ser a cobertura de seguros, elevados por conta dos altos índices de perdas. Nos últimos onze anos, nada menos que 105 mil veículos foram roubados ou furtados em Campinas, uma média de 27 por dia, com um índice mínimo de 40% de recuperação (Correio Popular, 19/2, A4).

É inaceitável que tamanha insegurança esteja praticamente incorporada na rotina das pessoas, das autoridades policiais, dos governos e empresas de seguro. Hoje, qualquer cidadão que comparecer a um distrito policial para registrar a perda de veículo terá que se submeter a difícil e burocrático atendimento, sendo que pouco ou nenhum esforço será feito no sentido de caçar criminosos ou localizar os veículos. As recuperações se devem em grande parte por abandono em vias públicas quando os carros não têm mais serventia para o crime. Os demais, seguem diretamente para desmanches.

Quando a própria polícia admite que as áreas onde os veículos são deixados são conhecidas, é de se indagar o que a inteligência policial poderia fazer para flagrar ou inibir o crime. Enquanto isso, o conformismo toma conta, as pessoas que podem se apegam a apólices de seguros, os privilegiados comemoram a recuperação dos carros e nada parece mudar para reverter o quadro de insegurança.

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