JOGO RÁPIDO

O adeus para um ídolo raro

Coluna publicada na edição de 7/4/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
06/04/2018 às 18:24.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:07

Títulos de divisões de acesso não são muito valorizados porque o prêmio que realmente importa nessas competições é definido antes da decisão e alcançado por mais de um time. É assim na Série B (os quatro primeiros colocados garantem vaga no Brasileirão) e é assim na Série A2, que leva seus dois finalistas ao Paulistão. Guarani e Oeste alcançaram seus objetivos e quem perder a final continuará feliz com a acesso. Ainda assim, o torcedor bugrino que virou a quarta-feira festejando o retorno ao Paulistão tem ao menos dois bons motivos para comparecer ao Brinco de Ouro hoje. O primeiro é esportivo. O campeão da Série A2 terá uma vaga garantida na próxima edição da Copa do Brasil. Por motivos óbvios, é sempre bom participar do torneio nacional, mas nos últimos anos a competição se tornou ainda mais atraente porque a CBF passou a pagar prêmios altos por cada fase alcançada. Só para comparar, o prêmio pago ao time que vence o 1º jogo na Copa do Brasil é quatro vezes maior do que o pago ao campeão da A2, que precisa disputar 18 partidas para levantar o troféu. A Copa do Brasil é muito interessante, mas a grande atração para o torcedor bugrino é que a partida desta noite contra o Oeste marca o fim da carreira de Fernando Fumagalli. Maior ídolo do clube no século 21, ele é um símbolo do Guarani. Fez história não apenas por ser um dos maiores artilheiros do clube com (por enquanto) 90 gols, mas também por ter permanecido no Brinco de Ouro em momentos bem difíceis. Meia de muita qualidade e experiência, poderia ter conseguido contratos melhores nos últimos anos de sua carreira em divisões superiores às que o Bugre disputou nas últimas temporadas. Mas ele não apenas renovou seu vínculo ano após ano, como ainda adiou a aposentadoria programada para novembro do ano passado. Insatisfeito por seu último jogo ter sido um dramático 0 a 0 que “apenas” evitou o retorno à Série C, Fumagalli esticou a carreira para tentar levar o Bugre de volta ao Paulistão. Apesar de ter jogado pouco, foi muito importante fora de campo e serviu de exemplo para os demais atletas. Querido pela torcida e companheiros, Fumagalli merece uma despedida com o tobogã lotado, em um jogo que marca o encerramento de uma campanha vitoriosa. Fumagalli fará falta ao Guarani não apenas por sua qualidade, mas também porque no futebol moderno é cada vez mais difícil criar tanta identidade entre um atleta e um clube. Que o torcedor do Guarani dê a seu ídolo um adeus como ele merece.

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