CAMPINAS

Número de moradores de rua diminui

A grande maioria é do sexo masculino (85%), tem entre 25 e 39 anos e está em Campinas há 2 anos

Bruno Bacchetti
28/04/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:24

A população de rua de Campinas caiu 12,3% neste ano em relação a 2014, segundo levantamento da Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social divulgado nesta segunda-feira (27). No ano passado foram contabilizados 642 pessoas morando nas ruas ou em abrigos, e neste ano o número caiu para 563. A contagem foi realizada em fevereiro por equipes da Prefeitura e de entidades privadas, das 18 às 24 horas em 11 itinerários percorrido nas cinco regiões da cidade. A metodologia é a mesma dos anos anteriores. O levantamento da Prefeitura traçou um perfil da população em situação de rua. A grande maioria é do sexo masculino (85%), tem entre 25 e 39 anos e está em Campinas há pelo menos dois anos. Um terço da população de rua identificada pelo levantamento (190) tem passagem pela polícia. A região com o maior número de moradores de rua é a Leste — na qual está inserido o Centro — com 277 pessoas. A seguir estão as regiões da rodoviária (172); Paranapanema e Santa Eudóxia (78); Ouro Verde (20); e Campo Grande (16). Causas Segundo a secretária de Cidadania, Assistência e Inclusão Social, Jane Valente, entre as principais causas para essa redução estão o aumento de educadores, espalhados por todas as regiões da cidade, e os abrigos criados nos últimos anos pela Administração Municipal. Além disso, foram excluídas das estatísticas 27 pessoas que estão nos abrigos Casa do Idoso e Renascer há anos e agora são consideradas estabilizadas, não sendo considerados em situação de rua. “O principal objetivo dessa contagem é direcionar as políticas e perceber se estamos no caminho certo. Neste ano observamos que dois abrigos contavam como população de rua, mas chegamos à conclusão que pelo tempo de permanência não contam como moradores de rua, porque estão estabilizados, já são moradias deles e não estão voltando para as ruas”, afirmou Jane. Recâmbio A secretária lembra, ainda, que o recâmbio também tem colaborado para reduzir a população de situação de rua. O trabalho consiste em identificar os moradores de ruas que são de outras localidades e encaminhá-los à cidade de origem. Somente no segundo semestre do ano passado 277 pessoas foram recambiados para suas cidades e em janeiro, outros 49. O Protocolo de Atendimento às Pessoas em Situação de Rua, firmado entre os municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC), ajuda a conter a migração de uma cidade para outra. “No passado uma cidade dava passe para ir a outra cidade. Hoje identificamos a pessoa, procuramos entender o problema e fazer esse elo. O protocolo tem se mostrado eficiente e já repercute no nosso trabalho”, contou Jane. Drogas e álcool Um dos principais problemas para conter o crescimento da população em situação de rua é o alto uso de álcool e drogas. Segundo o levantamento, 72,4% elegeram o álcool como o preferido e 33,6% admitiram consumir crack. “A droga tem levado muitas pessoas para a rua e tem sido o maior desafio”, resumiu a secretária. Moradora de rua há 13 anos, uma mulher de 52 anos que não se quis se identificar, elegeu o Terminal Mercado, em frente ao Mercadão, como sua casa. Ela passa os dias e noites pelo local pedindo dinheiro e contando com a solidariedade das pessoas para se alimentar. Sem família na cidade, a mulher diz não gostar dos abrigos da Prefeitura. “Moro na rua, fazer o quê? Passo o dia aqui e peço dinheiro, mas são poucos que ajudam. É muito difícil”, disse ela, com a fala de difícil compreensão e já cortando o assunto, não sem antes estender as mãos em busca de uma esmola.

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