Para a força-tarefa da operação, as revelações de Pascowitch são importantes para definir as próximas linhas da investigação sobre o ex-ministro
O lobista Milton Pascowitch era dono de bens e direitos que somavam R$ 574 mil em 2003; valor saltou para R$ 28,2 milhões 2013 ( Cedoc/RAC)
O lobista Milton Pascowitch - novo delator da Operação Lava Jato - detalhou suas ligações com o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil no governo Lula) em acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria. Para a força-tarefa da Operação Lava Jato, as revelações de Pascowitch são importantes para definir as próximas linhas da investigação sobre o ex-ministro.Em troca da delação, na segunda-feira (29), Pascowitch deixou a Custódia da Polícia Federal em Curitiba (PR), base da Lava Jato, após 39 dias preso. O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, homologou a colaboração e autorizou prisão domiciliar para Pascowitch, monitorado com tornozeleira eletrônica - a exemplo de alguns dos principais empreiteiros do País também alvos da investigação sobre corrupção e cartel na Petrobras. Indicou Duque Dirceu teria indicado o engenheiro Renato Duque para cargo estratégico na estatal petrolífera, no comando da Diretoria de Serviços. Duque está preso, por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.Pascowitch é suspeito de operar propina para a empreiteira Engevix. Seu elo com o PT e com o ex-ministro Dirceu são peças centrais da delação que ele acaba de fechar com a força-tarefa da Lava Jato.Os investigadores insistiram, nas audiências com o novo delator, em esmiuçar as relações da empresa de Pascowitch com a JD Assessoria e Consultoria, do ex-ministro em sociedade com um irmão, que é advogado, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.A JD, segundo o criminalista Roberto Podval, defensor de Dirceu, já encerrou suas atividades. Lavagem de dinheiro A PF suspeita de lavagem de dinheiro na compra da casa onde funcionou a JD Assessoria. A JD, segundo investigadores, teria captado propinas de empresas do cartel da Petrobras por meio de contratos fictícios. Dirceu, por sua assessoria, nega taxativamente irregularidades no negócio.Os investigadores identificaram que Pascowitch pagou R$ 400 mil do imóvel comprado pelo ex-ministro, em 2012, onde funcionou a sede da empresa de consultoria de Dirceu em São Paulo.Ao todo, uma das empresas de Pascowitch, a Jamp Engenheiros Associados, pagou R$ 1,4 milhão para o ex-ministro entre 2011 e 2012, por supostas consultorias prestadas para a Engevix, no exterior.