Nova lei dá mais importância para agências de emprego

A emenda constitucional que entrou em vigor há duas semanas e que equipara os direitos dos trabalhadores domésticos aos da iniciativa privada fez crescer a importância de um setor bem específico do mercado de trabalho em Ribeirão Preto: as agências de emprego.

O fenômeno acontece dos dois lados do balcão. Muitas domésticas, que foram demitidas por seus antigos patrões após o aumento de custo gerado pelas novas regras trabalhistas, procuram as agências em busca de novas oportunidades. E os patrões, que agora devem gastar mais com as empregadas, buscam mais segurança nas contratações.

“Recebemos a inscrição de cerca de dez pessoas por dia interessadas em trabalhar como domésticas. Na última semana, dessas, seis ou sete vieram porque foram demitidas”, diz Gislaine Spagnollo, sócia-proprietária de uma agência de Ribeirão especializada em trabalhadores domésticos.

Enquanto uns se desfazem de suas empregadas, outros buscam a agência para dar o “tiro certo” na hora de contratar. “Nossos clientes são da classe A. Hoje eles querem a maior segurança possível, já que terão que gastar mais para manter os empregados”, disse Gislaine.

Um dos que buscaram o serviço foi o aposentado Tomaz de Aquino Porfírio, 72 anos. Ele diz que desde maio do ano passado teve três empregadas diferentes, contratadas pela indicação de amigos, que não supriram sua necessidade. Para contratar a atual, ele recorreu à agência.

“Valeu a pena. Eles já fazem uma pré-seleção, encaixam a profissional no seu perfil”, afirmou. Somente para a agência, Porfírio pagou R$ 600. Para a profissional contratada, o salário é de R$ 900, por 44 horas de trabalho semanais. Ele aprova as mudanças na lei. “Mesmo antes da mudança, eu já fazia tudo certo. É um direito muito justo.”

MIGRAÇÃO

André Ribeiro, gerente de outra agência especializada em serviços de limpeza em Ribeirão, vê outro fenômeno após a mudança na legislação das domésticas. “As empregadas sumiram. Acredito que a maioria esteja atuando como diarista, para ganhar mais, agora que a classe média não está mais disposta a bancar uma funcionária fixa.”