Affonso Solano lança, na livraria Leitura, em Campinas, seu romance de estreia: O Espadachim de Carvão
Autores como Eduardo Spohr, Raphael Draccon e André Vianco provaram que não são apenas escritores de língua inglesa que conseguem um lugar na estante dos leitores brasileiros quando o assunto é literatura fantástica.
Tanto que esse mercado nacional tem crescido em prestígio e vendas, dando espaço para novos talentos, como a campineira Carolina Munhóz, que já conta com dois títulos de sucesso no currículo: 'A Fada' e 'O Inverno das Fadas'.
Esse aquecimento no setor vem fazendo com que muitos fãs do estilo busquem desenvolver novas histórias para tentar pegar carona nesse sucesso, um grupo que o blogueiro carioca Affonso Solano faz questão de ressaltar não fazer parte.
Colunista do blog TechTudo e criador do podcast Matando Robôs Gigantes (MRG), que hoje pertence ao grupo Jovem Nerd e chega a ter 500 mil pageviews por mês, Solano estreia no mercado literário com 'O Espadachim de Carvão' (Casa da Palavra, 256 págs., R$ 34,90), uma história que ele vem desenvolvendo há pelo menos dez anos.
O autor estará em Campinas neste domingo (7), às 15h, para apresentar a obra ao público, na Livraria Leitura do Parque D. Pedro Shopping.
“Cresci lendo livros de RPG, de ficção científica, de fantasia, então sempre tive vontade de escrever. Eu brincava muito de Comandos em Ação com meus irmãos mais novos e, ao invés de transpor as nossas brincadeiras para os mundos que já existiam, eu me pegava criando nossos próprios mundos, principalmente por eu ser o mais velho. Criava novos monstros, tudo”, lembra o escritor, revelando que o personagem Adapak, o espadachim, nasceu quando ele ainda estava no colégio.
“Acabou casando de o livro sair no meio desse megassucesso do mercado de literatura fantástica, mas não é oportunismo. Desde 1999 eu venho trabalhando nessa história. Tanto que eu criei um site na época para apresentar esse personagem, em um quadrinho interativo.”
O sucesso veio já naquela época e, conta Solano, o site Omelete, que também tinha acabado de ser lançado, comprou a ideia. “Fiquei um ano com esse quadrinho no Omelete, o que foi ótimo, porque acabei testando esse modelo de narrativa e a minha maneira de contar uma história.”
O livro, como dito, traz a trajetória do espadachim Adapak, um ser solitário que precisa usar sua força interna para encarar as adversidades e surpresas de um universo até então desconhecido. Filho de um dos quatro deuses de Kurgala, um mundo abandonado, Adapak é obrigado a deixar a ilha sagrada onde cresceu após ser perseguido por um misterioso grupo de assassinos. Nessa fuga, ele terá de se expor aos olhos do mundo pela primeira vez, e logo ele descobre se tratar de um lugar hostil e repleto de criaturas exóticas. Lá, esse jovem humanoide de olhos brancos e pele cor de carvão cresce com todo o conhecimento divino ao seu dispor, mas consciente de que jamais poderá deixar sua morada.
“O 'Espadachim' é uma mistura de todos os livros e quadrinhos que eu cresci vendo nos anos 80 e 90. Mas se eu for pensar em uma referência específica, eu diria que os livros de RPG são a minha mais forte influência. E, nesse nicho, eu citaria dois autores: Ian Livingstone e Steve Jackson. Eles escreviam aventuras fantásticas muito rápidas. Uma espécie de livro interativo, com um senso de urgência absurdo. O meu livro tem um pouco disso, além de algumas ilustrações que lembram esses livros de bolsos que eles fizeram”, conta.
As ilustrações que aparecem em 'O Espadachim', inclusive, são do próprio Solano.
Continuação
O livro de estreia de Affonso Solano mal foi chegou às lojas e o selo Fantasy, da editora Casa da Palavra, já pensa em uma sequência. “Provavelmente, vai virar uma série, que era justamente a minha ideia inicial.”
O carioca afirma ter recebido propostas de diversas editoras, mas o que o levou para a Fantasy foi o fato de o editor ser Raphael Draccon, citado no início dessa matéria, autor da série 'Dragões de Éter', que atingiu a marca dos 200 mil exemplares vendidos no Brasil.
“Ele vem da mesma escola que eu, cresceu vendo as mesmas coisas e trabalhando da mesma forma. Outros editores poderiam não enxergar o potencial da minha obra como ele, que entende da melhor forma possível o que você está falando, que sabe quem são as suas referências.”
O trabalho entre eles, garante Solano, também foi produtivo.
“Ele tem muito respeito pelo material, nunca virou e questionou a história ou o personagem. Ele me deixou solto, fazendo, quando preciso, observações na forma como eu escrevia.” Outras fontes que inspiram o trabalho do carioca são Júlio Verne, J. R. R. Tolkien, Robert E. Howard e até Mauricio de Sousa.