Caro leitor, já faz algum tempo que o ser humano compete consigo mesmo para se tornar melhor que seus pais. Talvez seja uma herança do Iluminismo, a época que a “razão” floresceu e que começamos a pensar que temos que evoluir. Se honesto e sincero, esse pensamento pode ser muito útil: ser melhor que nossos pais significa que produziremos em mais quantidade e mais qualidade; que amaremos mais as pessoas do que nossos pais amaram; que teremos mais amigos que nossos pais tiveram; que teremos mais riquezas e propriedades que eles. Que estaremos mais próximos de Deus que eles.Se tudo isso acontecesse, acredito que não existiria mais miséria no mundo. Por mais miserável que alguém fosse, seu filho seria menos, e o seu neto talvez já não o fosse. No entanto, o cenário que vemos hoje é totalmente o contrário. É desanimador. A fome, apesar dos avanços na produção e na tecnologia, não acabou. Os amigos estão cada vez mais escassos. E estamos nos tornando mais pobres que nossos pais. Jovens, nós não somos melhores que nossos pais!Estamos nos acostumando à inércia. Não queremos agir, não temos atitude. Somos complacentes, não nos esforçamos em nada. Em nossos empregos, somos apenas empregados. Em nossas famílias, somos apenas parentes. Em nossos sonhos, nem sequer sonhamos. Em nossas consciências, nem sabemos quem somos. E se não sabemos quem nós próprios somos, consequentemente não temos como ser determinados e obstinados por algum objetivo de vida.Não existimos. O sonho é o combustível que move nossas vidas. Estamos sem combustível.Qualificam as gerações de X, Y, Z, nativo digitais. Mas eu diria que a geração que está chegando é a geração nada. Nada de comprometimento, nada de compromisso, nada de autocrítica, nada de humildade. Uma geração de nada mais de medíocres. Isso me preocupa. O que será do futuro, se o futuro pertence a essa geração? Nada de novo teremos no futuro?Jovens, estudem, esforcem-se, aprendam. Interessem-se pela política, pela ajuda ao próximo, pela arte, pela alta música. Nossos pais conquistaram riquezas, construíram empresas, lutaram contra as ditaduras. Estamos matando os jornais e os livros porque já não os lemos, afinal, a crítica não nos interessa. Estamos roubando os minutos da eternidade.Não estamos fazendo o que queremos, mas o que temos de fazer. A memória ficou desmemoriada. A tradição virou apenas uma palavra abstrata. Como encontrar talento em um mundo que escasso? E há tempos são os jovens que adoecem/E há tempos o encanto está ausente/E há ferrugem nos sorrisos/E só o acaso estende os braços a quem busca abrigo e proteção.