PIRACICABA

Noite de terror termina com pessoa morta

Confronto entre manifestantes e polícia no bairro Bosques do Lenheiro teve 2 ônibus queimados

Ana Cristina Andrade
01/08/2013 às 23:06.
Atualizado em 25/04/2022 às 06:44
Policiais próximo a ônibus incendiado por moradores no bairro Bosques do Lenheiro (Antonio Trivelin/Gazeta de Piracicaba)

Policiais próximo a ônibus incendiado por moradores no bairro Bosques do Lenheiro (Antonio Trivelin/Gazeta de Piracicaba)

Dois ônibus foram queimados e uma pessoa morreu em confronto entre a guarda civil municipal, Polícia Militar (PM) e moradores do bairro Bosques do Lenheiro, periferia de Piracicaba, na noite desta quinta-feira (1º). O conflito começou por volta das 17h. Os motivos ainda são desconhecidos. Informações não oficiais — junto a residentes da região e policiais — dão indícios de que o conflito ocorreu durante uma reintegração de posse. Segundo os moradores, no momento da ação, houve discussão entre residentes e policiais. Em meio ao bate boca, foram ouvidos tiros. Ao menos duas pessoas foram baleadas. Frederico Alves de Jesus, de 23 anos, foi atingido por um tiro na cabeça e morreu. Ele era trabalhador e não tinha passagem pela polícia. Até às 22h30, houve a confirmação de que um ferido havia sido socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado para o Pronto-Socorro da Vila Sônia.Moradores acusam a Guarda pelo disparo. Revoltados, os habitantes atearam fogo em dois ônibus — um deles de uma empresa particular que faz o transporte de trabalhadores locais. Moradores dizem que ao incendiarem o veículo, os passageiros e o motorista foram impedidos de deixarem o ônibus. Houve desespero e as pessoas saíram pelas janelas. O veículo passava pela Rua Deputado Roque Trevisan.O outro ônibus queimado, de acordo com a polícia, é um veículo do transporte coletivo e estava no final da Rua dos Pinheiros. O fogo atingiu a rede de distribuição de energia elétrica. Segundo nota divulgada pela CPFL Paulista, a energia teve que ser interrompida por volta das 18h37 e prejudicou 2.881 clientes da região — inclusive habitantes do bairro Gilda. O fogo foi contido pelo Corpo de Bombeiros.Durante o confronto, a polícia cercou o bairro. Moradores foram impedidos de entrar ou deixar o local. Quem tentou furar o bloqueio foi detido e revistado. Moradora do Bosque, uma empregada doméstica disse que a única opção era dormir na rua. “Enquanto não acabar este confronto, não tenho como voltar para casa. Trabalhei o dia todo e parece que vou ter que dormir na rua. Mesmo porque, como vou entrar no bairro que não tem uma iluminação? É capaz deles me darem um tiro”, disse. Um outro residente conseguiu deixar o local após apresentar o holerite para a PM. Ele estava a caminho do trabalho. Para alcançar um ônibus, precisou caminhar 45 minutos. “Antes de sair os policiais militares pediram para que eu voltasse um quarteirão e avisasse ao povo que estava lá a necessidade de recuar”, diz.O helicóptero Águia da PM deu apoio aos policiais militares durante toda a ação. A perícia chegou por volta das 19h30, junto com um carro funerário. Eles deixaram o bairro por volta das 20h45. Logo depois, as equipes da PM também saíram do local. Até o fechamento desta edição, os moradores da região continuavam no escuro. A CPFL informou que as equipes aguardavam a liberação pela polícia para realizar os trabalhos de recomposição do sistema. A reportagem tentou contato com o comandante da Guarda Civil Municipal, capitão Silas Romualdo, telefonou para o 10º Batalhão da PM, no CPI 9 (Comando de Policiamento do Interior) e na 4ª CIA, mas ninguém retornou os contatos.(Com informações de Juliana Franco)

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