Faltou vibração à Ponte Preta na derrota por 2 a 1 para o Bragantino. E se isso não ficou claro para quem assistiu ao jogo, a entrevista do técnico Mazola após a partida não deixou nenhuma dúvida. “Eu fiquei chateado porque o time não comprou a guerra”. “Falamos que o Bragantino iria guerrear os 90 minutos. Perdemos a briga e acabamos perdendo o jogo.” “Fica uma lição. Alertamos sobre tudo o que iria acontecer. Não entramos com o espírito de guerra que deveríamos ter.” “Fomos pouco agressivos e pagamos por isso”. “A vitória foi mais do que justa, principalmente por ter guerreado mais do que a gente”. Notem quantas vezes Mazola reclamou da falta de garra na mesma entrevista. Cobrar seus atletas após uma atuação frustrante está entre as atribuições de um treinador. Isso pode ser feito no vestiário (o mais comum), no gramado (raro, mas acontece. Procurem no Google ‘Guardiola dá bronca em Kimmich’) ou na imprensa, o que ocorre de vez em quando. O torcedor geralmente gosta de ver que o treinador enxergou o jogo como ele e não ficou satisfeito com a morosidade da equipe. Quando a bronca é pública, a arquibancada fica satisfeita com a indignação do técnico. O problema é que nem sempre a cobrança tem o resultado esperado. Às vezes, ao invés de entrar mais ligado no jogo seguinte, o time piora. Não se trata necessariamente de uma retaliação deliberada à entrevista mais dura. Às vezes, alguns jogadores perdem a confiança no comandante por terem sido responsabilizados por um fracasso. E isso pode afetar o rendimento do time. Após recente derrota por 2 a 0 para o Arsenal, o técnico do Chelsea, Maurizio Sarri, soltou os cachorros. “Estou extremamente zangado, muito mesmo.” “Essa derrota foi devido a nossa mentalidade. Eu não posso aceitar isso”. “Os times estavam no mesmo nível técnico, mas o Arsenal foi mais determinado.” “Parece que esse grupo de jogadores é extremamente difícil de motivar.” Como se vê, Sarri foi duro com seu time. Na rodada seguinte, contra o Bournemouth, o Chelsea foi goleado por 4 a 0. Um desastre para um time que não perdia por quatro gols no Inglês desde 1996. A Ponte jogou sem alma em Bragança e Mazola nem foi tão duro como Sarri. Cabe ao treinador, porém, fazer com que o time tenha uma postura diferente contra o São Paulo. A derrota faz parte do futebol, mas o que a torcida não aceita é ver um time que não luta para evitá-la.