No caminho errado

A Conmebol não acatou o recurso do Corinthians e por isso o Pacaembu não será aberto ao público nesta quarta-feira, no jogo contra o Millonarios, pela segunda rodada da Libertadores. Muitos questionam se "é justo" punir o clube e milhares de torcedores que não cometeram nenhuma irregularidade, mas a questão central não é essa.

É muito bom que a Conmebol finalmente tenha tomado uma decisão um pouco mais dura não contra o Corinthians, mas sim em favor do futebol e de todas as torcidas.

Os torneios sul-americanos apresentam graves problemas de organização, segurança e disciplina porque a Conmebol sempre foi omissa, permissiva e irresponsável diante do comportamento inadequado de atletas, gandulas, dirigentes, árbitros e torcedores.

Foram várias infrações graves solenemente ignoradas, inclusive a invasão de campo de um torcedor do Santos para agredir jogadores do Peñarol após a final da Libertadores de 2011, no Pacaembu.

A decisão da Sul-Americana de 2012 teve apenas um tempo e jogadores do Tigre brigaram com seguranças do São Paulo no vestiário. Briga feia, com pancadaria, arremesso de cadeiras e por aí vai. O jogo não teve segundo tempo, uma vergonha para a Conmebol e para o futebol sul-americano.

Logo após o vexame, nada foi feito. A Conmebol levou meses para anunciar que o São Paulo não poderá disputar uma partida da Libertadores no Morumbi. Pena de valor zero, já que, no Pacaembu, o Tricolor estará em casa também.

No caso da morte do torcedor, a punição foi anunciada em 24 horas e o recurso do Corinthians foi negado. A punição será sentida porque o clube, além de ficar sem o apoio da torcida, terá prejuízo com a devolução do dinheiro dos ingressos. É notório o incômodo do Corinthians, que chegou até a divulgar uma nota de que o acesso de jornalistas ao estádio seria proibido. Foi uma manobra para tentar fazer com que a TV compre a briga com a Conmebol e retire a suspensão.

Não duvido que a Conmebol mude de ideia nesta quarta e retire a punição. Torço para que isso não aconteça e que, daqui em diante, a entidade mude sua imagem e passe a ter tolerância zero com objetos arremessados no gramado, gandulas desleais, agressões aos visitantes e qualquer outro tipo de aberração com o qual o futebol sul-americano já tenha se acostumado.

Temos a sensação de que tudo é permitido e que não faz sentido punir um clube e seus torcedores “só porque um garoto morreu”. Estamos, portanto, no caminho errado.