FERES CHADDAD NETO

Nervos cranianos: que dor de cabeça...

Feres Chaddad Neto
correiopontocom@rac.com.br
25/06/2015 às 05:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 15:41

Dor de cabeça ( Reprodução)

Dentre as afecções que acometem os nervos cranianos, três são mais frequentes causando a incômoda dor de cabeça que aflige muita gente: a nevralgia do trigêmeo, a nevralgia glossofaríngea e a paralisia de Bell. Como vimos na última edição desta coluna, 12 pares de nervos saem do tronco encefálico e inervam a cabeça. Cada par tem uma função específica e qualquer perturbação nesses nervos pode prejudicá-la. É o que acontece no caso de alguns tipos de dor de cabeça. Nevralgia do trigêmeo O nervo do trigêmeo (nervo craniano V) recebe esse nome porque tem três ramificações: o ramo oftálmico (que acompanha os olhos), o ramo maxilar (que acompanha todo o maxilar superior) e o ramo mandibular (que acompanha o maxilar inferior). A dor provocada pelo trigêmeo se distribui de acordo com o ramo do nervo afetado: região frontal, que toma a órbita ocular e parte do nariz; região malar, que se estende até o nariz e parte do lábio superior; e região temporal que passa pelo lado do ouvido e acompanha o maxilar inferior. Na nevralgia do trigêmeo, a função deste nervo é interrompida. Geralmente, o problema é causado pelo contato entre um vaso sanguíneo normal - neste caso, uma artéria ou de uma veia - e o nervo do trigêmeo. Esse contato coloca pressão sobre o nervo e faz com que ele não funcione corretamente, provocandoepisódios de dor forte e pungente que duram de alguns segundos a minutos. Aafeção pode atingir os adultos de qualquer idade, mas a perturbação é mais frequente nos mais velhos. A dor costuma aparecer espontaneamente, durante as atividades mais corriqueiras e simples, como barbear-se, tocar o próprio rosto, mastigar, beber, escovar os dentes, sorrir ou mesmo falar. Imediatamente se sente dor intensa em qualquer ponto da metade inferior da face, como pontadas. A crise pode se repetir várias vezes por dia Embora não existam exames específicos para identificar a nevralgia do trigêmeo, o seu diagnóstico se dá após o médico descartar outras causas possíveis de dor facial, como doenças da mandíbula, dos dentes ou dos seios face, ou então uma compressão do nervo trigêmeo por um tumor ou um aneurisma. Os analgésicos clássicos não costumam ser úteis, mas outros fármacos costumam aliviá-los, especialmente os anticonvulsivantes eantidepressivos. São frequentes as remissões espontâneas, embora muitas vezes os episódios possam estar separados por longos intervalos de tempo sem sintomas. Se a nevralgia do trigêmeo for consequência de uma artéria que comprime o nervo, pode ser indicado o tratamento cirúrgico, que consiste em afastar essa artéria, de modo a aliviar a dor pelo menos durante alguns anos. Nevralgia glossofaríngea Muito menos frequente que a nevralgia do trigêmeo, a nevralgia glossofaríngea (do nervo IX) é uma síndrome caracterizada por episódios repetitivos de dor intensa na parte posterior da garganta próxima das amígdalas, podendo afetar o ouvido do mesmo lado. Costuma acontecer depois dos 40 anos de idade e é mais frequente nos homens do que nas mulheres. Assim como a nevralgia do trigêmeo, as ocorrências são intermitentes e breves, mas causam uma dor muito intensa que pode ser desencadeada por algum movimento como mastigar, deglutir, falar ou bocejar. Pode durar vários segundos ou minutos e costuma afetar só um lado. O tratamento farmacológico é o mesmo que para a nevralgia do trigêmeo: anticonvulsivos e antidepressivos. Quando este tratamento falha, pode ser necessário recorrer à cirurgia para bloquear ou cortar o nervo glossofaríngeo, quer seja à altura do pescoço, quer na base do cérebro.O resultado cirúrgico costuma ser satisfatório, com alívio imediato, e não existem complicações sérias. O nervo seccionado fica permanentemente anestesiado e há abolição doreflexo do vômito neste lado e do paladar no terço posterior da língua. Mas não sequelas graves como transtornos da fala. Paralisia de Bell Essa é uma anomalia do nervo facial (nervo VII) caracterizada por causar repentinamente debilidade ou paralisia dos músculos de um lado do rosto.Isso faz com que metade do rosto pareça caído ou inclinado. Essa condição pode afetar qualquer pessoa de qualquer idade. Embora se desconheça a causa da paralisia de Bell, acredita-se que seja resultado de um inchaço ou inflamação do nervo facial como resposta a uma infecção viral (como herpes labial e herpes genital, varicela e herpes-zóster, mononucleose, infecções por citomegalovírus, doenças respiratórias por adenovírus, rubéola, papeira e gripe), a uma compressão ou a uma falta de irrigação sanguínea.O risco de desenvolver paralisia de Bell é maior em diabéticos, grávidas, pessoas com infecção renal ou predisposição genética. A paralisia de Bell não é o resultado de um AVC (acidente vascular cerebral) ou um ataque isquêmico transitório (AIT). Apesar de essas doenças causarem paralisia facial, não há nenhuma ligação entre elas. De qualquer maneira, a fraqueza repentina que ocorre em um lado do rosto deve ser examinada por um médico imediatamente para descartar essas causas mais graves. Geralmente, os sintomas da paralisia de Bell melhoram em algumas semanas. Nesse meio tempo, pode-se usar drogas corticosteroides, que reduzem a possível inflamação, medicamentos antivirais (se a causa for um vírus) e analgésicos. Se a paralisia impedir que o olho se feche completamente, recomenda-se a aplicação de gotas lubrificantes para os olhos para que não sequem. Nos casos de paralisia grave convém estimular os músculos debilitados, com fisioterapia. Se a paralisia durar mais de seis meses, convém avaliar se é o caso de cirurgia para ligar um nervo sadio (habitualmente retirado da língua) com o músculo facial paralisado. Como estamos falando de dor de cabeça, vamos aproveitar para tratar da enxaqueca, um mal de atinge milhões de pessoas em todo o mundo. É o que veremos no próximo encontro. Até lá.

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