Nem brilhante, nem péssimo

O Brasil sofreu, mas avançou à semifinal da Copa América. O time foi muito criticado após o empate por 0 a 0 com o Paraguai, mas novamente houve falta de critério na avaliação da equipe comandada por Tite. Não se discute que empates sem gols em casa contra seleções do nível de Venezuela e Paraguai são resultados ruins. O fato de ter acontecido duas vezes em um período tão curto sinaliza que Tite precisa trabalhar para que o ataque seja mais efetivo contra adversários retrancados. Mas é preciso levar em consideração que Gatito jogou muito bem e contou com a sorte no lance em que a bola bateu na trave. O gol não saiu, mas a equipe dominou o adversário do início ao fim e finalizou mais de 20 vezes. Faltou o gol, mas não é o fim do mundo. É diferente empatar assim e empatar sem criar boas chances. Desde o início da competição que boa parte da imprensa bate na tecla de que a Copa América não vale nada e que tem baixo nível técnico. Discordo totalmente. A Copa América é a segunda competição mais importante para a Seleção. O torneio está recheado de craques que jogam nos maiores clubes do mundo, como Barcelona, Real Madrid, Bayern, Liverpool, Manchester City, PSG, Chelsea, Atlético de Madrid e outros. A Euro tem muitos craques, mas também tem seleções de menor expressão. O Brasil venceu todas as edições realizadas no País e quer muito vencer mais uma vez. A torcida, que tem lotado estádios mesmo com ingressos caríssimos, também quer o título. Os jogadores vibraram demais após a conquista da classificação nos pênaltis. Fica claro que querem demais o título. Por que menosprezar a competição? Alguém acha que a França não se incomodou por ter perdido a Euro de 2016 em casa para Portugal? E alguém acha que Portugal não se orgulha da conquista, apesar de ter passado pela primeira fase sem ganhar nenhum jogo? Alguém acha que o título, inédito na história de Portugal ficou menor por causa de empates contra Hungria e Islândia? Ter passado pelas quartas de final vencendo a Polônia apenas nos pênaltis diminuiu a conquista? Não faz sentido afirmar que a Copa América é desprezível e ao mesmo tempo pedir a cabeça do treinador pelo desempenho na competição. O Brasil está entre os quatro melhores e chega para o duelo com a Argentina com duas vitórias, dois empates, oito gols marcados e nenhum sofrido. Não é brilhante, mas também não é péssimo.