O filme é uma deliciosa comédia sobre como falar de assuntos sérios sem cair em dogmatismos de qualquer natureza
Cena de Narradores de Javé, de Eliane Caffé, de 2003 ( Divulgação)
Um dos melhores papéis da carreira de José Dumont, senão o melhor, é Antonio Biá, de Narradores de Javé (Canal Brasil, 22h, livre), de Eliane Caffé (2003). A sinopse: ao saber que o povoado de Javé, no sertão baiano, pode desaparecer sob as águas de uma hidrelétrica, os moradores decidem se reunir para contar histórias e preservar a cultura do local. Poderia ser um programa didático do Canal Futura ou um esforço rançoso e didático de alguma ONG por preservação. Muito pelo contrário. O filme é uma deliciosa comédia sobre como falar de assuntos sérios sem cair em dogmatismos de qualquer natureza. A comunidade quer preservar sua história, mas lá só existem analfabetos. O único letrado é o odiado carteiro Antonio, expulso da cidade por criar intriga entre os moradores por meio de cartas. Tentando se redimir, ele se encarrega de escrever a história, mas há muitos pontos de vistas. Com traços épicos, o filme faz um retrato da cidade e de um país com múltiplas facetas, etnias e classes. Um belo trabalho, infelizmente, pouco visto.