O Cruzeiro acaba de cometer um erro grave ao demitir o técnico Marcelo Oliveira. Não faz o menor sentido abrir mão de um treinador que ganhou o Brasileirão em dois anos consecutivos. Nas conquistas de 2013 e 2014, ambas sob o comando de Marcelo Oliveira, o Cruzeiro somou 156 pontos (80 em 2013 e 76 em 2014). No mesmo período, o time que mais se aproximou dessa marca foi o Grêmio, com 126 pontos. Trinta a menos. Em seguida, aparecem São Paulo (120) e Corinthians e Atlético Mineiro (119).A vantagem do Cruzeiro é muito grande e mostra como o trabalho do treinador foi bem feito. O início de 2015 não foi dos melhores, mas é preciso levar em consideração que o clube negociou jogadores como Egídio, Lucas Silva, Everton Ribeiro e Ricardo Goulart. O time está em fase de reconstrução e mesmo assim chegou às quartas de final da Libertadores. Não é uma campanha dos sonhos, mas também não há um motivo sequer que justifique a demissão de Marcelo Oliveira, eleito o melhor treinador do Brasileirão de 2014. O São Paulo cometeu um erro muito parecido. Tricampeão brasileiro em 2006, 2007 e 2008 sob o comando de Muricy Ramalho, o Tricolor resolveu demiti-lo após a eliminação nas quartas de final da Libertadores de 2009. O que aconteceu nos anos seguintes mostra, de forma clara, o tamanho do erro de quem manda um tricampeão brasileiro embora. Muricy foi campeão brasileiro em 2010 pelo Fluminense e, à frente do Santos, foi bicampeão paulista (2011 e 2012) e conquistou também a Libertadores (2011) e a Recopa Sul-Americana (2012). O São Paulo, de 2009 até hoje, ganhou apenas uma Sul-Americana, numa final contra o Tigre que nem segundo tempo teve. O Cruzeiro trocou um treinador que em dois anos e meio foi bicampeão brasileiro e campeão mineiro por Vanderlei Luxemburgo. Demitido pelo Flamengo, Luxa retorna a Belo Horizonte em um momento discreto de sua carreira. De 2010 para cá, foi campeão mineiro em 2010 e carioca em 2011. Seu último título brasileiro foi conquistado em 2004, pelo Santos. É evidente que o momento de um é muito melhor do que o do outro, mas, ainda assim, o Cruzeiro fez a troca. Preferiu pagar a multa por quebra de contrato para demitir seu bicampeão nacional e contratar um técnico muito caro que não conquista um título nacional há dez temporadas. Não há lógica nessa decisão. Mas é assim que clubes grandes do futebol brasileiro costumam pensar.