Líquido & Certo

Não perco por nada!

Suzamara Santos
05/07/2015 às 11:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 16:28
Chatêau Lafite 1787 ( Reprodução)

Chatêau Lafite 1787 ( Reprodução)

Foto: Reprodução Garrafa de Lafite com as iniciais de Thomas Jefferson foi arrematada por US$ 156 mil, em 1985                     Vou estar na primeira sessão, matinê provavelmente, sentada no fundo, com total visibilidade da tela. E sem pipoca. Talvez meia garrafa de vinho para curtir discretamente no gargalo mesmo (será que pode?). Uma das passagens que mais gosto da história da enologia vai virar filme. É a saga do Château Lafite 1787, narrada em detalhes no livro O Vinho Mais Caro da História, do jornalista Benjamim Wallace. A versão para as telas – com o nome original The Billionaire’s Vinegar – terá Matthew McConaughey encabeçando o elenco e adaptação de Michael Brandt e Derek Hass. O projeto está sendo gestado há oito anos, antes mesmo de a publicação chegar às livrarias. Já falei dessa obra aqui várias vezes e, certamente, vou voltar ao assunto sempre que tiver oportunidade.  É uma novela real que envolve, num primeiro olhar, enofilia, mas que vai muito além disso. Classifico como uma trama de investigação, a começar pelo trabalho minucioso do autor, que farejou uma grande história e merece loas também pelo texto gostoso e fluente. Mas, o que há de tão incrível nesse Lafite, afinal? Bem, a garrafa ostentava as iniciais “TH. J.”, que seriam de Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, distinção que fez brilhar os olhos de colecionadores bilionários no mundo inteiro. Descoberta no início dos anos 80 pelo colecionador Hardy Rodenstock, a tal raridade foi leiloada em 1985 pela Christie’s por US$ 156 mil. É partir desse lance que o autor começa a desvendar umas das fases mais surreais já vistas no mundo do vinho. Foto: Reprodução Matthew McConaughey vai protagonizar a versão para o cinema do livro O Vinho Mais Caro da História O que me fascina nisso tudo é que os episódios são relativamente recentes e alcançam a era dos gurus Robert Parker e Jancis Robinson (eles também aparecem no enredo). Mas é um desperdício olhar os fatos apenas como um banquete para amantes da bebida. Há, ainda, os fascinantes procedimentos científicos usados para confirmar a autenticidade da garrafa sem violá-la (lembre-se que abrir um tesouro desses é jogar uma fortuna pelo ralo), o viés policial se desenvolvendo num ambiente absolutamente estranho ao repertório das delegacias de investigação, a fotografia dos magnatas do petróleo norte-americanos que torravam barris de dólares em extravagâncias, como jantares regados a supostas garrafas pré-filoxera, e o recado de Baco: “Cuidado com a vaidade. Ela pode te fazer ridículo.” Não perco por nada. Saúde!   

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