Não falta pediatra

Essa coluna tradicionalmente promove saúde, discutindo temas do dia a dia envolvendo o bem estar da família e das crianças, mas hoje, mudaremos nosso tema, não podemos ficar omissos à coluna publicada no Correio Popular semana passada, em 23 de Abril, com o tema Saúde, assinada pela missivista Maria Odete Ferrari Pregnolatto.Inicia a coluna com a seguinte frase: “A população infantil tem sido alvo da “ira” dos profissionais da saúde, tanto pública quanto privada, dado aos baixos salários e custos práticos como remuneração dos atendimentos pediátricos”.Ira?A senhora por acaso já frequentou um Pronto Socorro Infantil durante 24 horas, dando atendimento a uma média de quase 150 consultas a crianças com todos os tipos de patologias, casos que precisam de decisão clínica que envolve a tênue transição entre a vida e a morte?Um único profissional tendo que atender uma criança a cada 3 minutos, sofrendo pressões éticas, dos pais, administrativas, enfim, o culpado é o médico?Será que a ganância, a incompetência, a má fé e o total desconhecimento dos administradores e gestores da saúde não se sobrepõem a qualquer comentário?Prezada senhora lave sua boca, esterilize suas mãos, desinfete sua mente, higienize seus olhos e autoclave seus ouvidos antes de escrever algo sobre o profissional que estudou anos para salvar vidas, é obrigado a se atualizar diariamente diante da quantidade infinita de novas tecnologias e tratamentos, enfrenta o descaso e ganância dos planos de saúde, sofre com a incompetência de gestores que visam exclusivamente o lucro e a autopromoção e ainda é obrigado a ler “colunas” onde a ira e o desconhecimento do assunto “Saúde” se misturam.Segundo o Presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria: “As dificuldades das famílias em busca de atendimento pediátrico na medicina privada são mesmo grandes e, pior, não ocorrem somente em São Paulo”, continua, “O motivo é a lógica que orienta as decisões dos planos de saúde, o atendimento em geral se resolve na consulta, sem necessidade de muitos exames e procedimentos lucrativos”.A cultura da procura ao pronto-socorro também contribui para as filas. A falta de pediatras não é verdadeira. Somos a maior especialidade médica do país, com 30 mil profissionais. Não faltam pediatras, falta sim vergonha para os gestores em remunerar dignamente o pediatra. Caberia ao governo e à ANS exigir que o respeito à vida orientasse o atendimento, contratem mais pediatras! “O mesmo vale para o SUS, que deve honrar a prioridade constitucional dada à infância”.O que pensam os gestores e administradores da saúde? Para começar, bebês e crianças não estão entre os pacientes mais rentáveis. Entre 2011 e 2013, houve redução de 14% no total de leitos pediátricos na cidade e 30% dos Prontos Socorros Infantis fecham a noite Na hora de decidir investimentos, hospitais particulares privilegiam doenças crônicas, que demandam mais exames e procedimentos, ou seja, mais lucros!Veja quantas UTIs pediátricas a cidade de Campinas fechou nos últimos 12 meses...Sabe quantas vagas existem hoje na cidade de Campinas para internar um paciente pediátrico no setor público ou privado?ZERO!Enquanto a propaganda política de muitos candidatos a prefeito na maioria das cidades da RMC for comprar ambulâncias para desovar pacientes nas emergências de Campinas e as operadoras investirem em times de Vôlei e outras áreas, continuaremos nesse caos.Falar que faltam pediatras é uma meia verdade. Repito, a Pediatria é a maior especialidade do Brasil com maior número de praticantes (11% do total de médicos titulados). É a baixa remuneração oferecida pelas operadoras de saúde e pelos gestores públicos que os afastam dos serviços privados e públicos.Prezados e fieis leitores desculpem a mudança de foco na coluna de hoje, mas devaneios de almas doentias e mal informadas com a ocorrida semana passada precisam de resposta.