JOGO RÁPIDO

Não existe caminho fácil para a glória

Coluna publicada na edição de 12/7/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
11/07/2018 às 19:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 11:10

Tudo indicava que os ingleses não iriam desperdiçar a dupla chance oferecida pela tabela da Copa do Mundo. Ao final da primeira fase, Inglaterra e Espanha caíram no lado “mais fácil” da chave das oitavas de final. Os campeões de 1966 e de 2010 tinham pelo caminho adversários com pouca tradição em Copas. Eram as camisas mais pesadas da chave. Do outro lado estavam Argentina, França, Uruguai e Brasil, campeões de 1930, 1950, 1958, 1962, 1970, 1978, 1986, 1994, 1998 e 2002. Na companhia de tantos campeões, estavam ainda Portugal, de Cristiano Ronaldo, e a badalada geração belga. Não se discute que o caminho até a final era mais fácil para Espanha e Inglaterra. Mas a forte seleção que perdeu seu treinador horas antes da abertura da Copa derrapou logo nas oitavas, diante de uma Rússia que se defendeu o tempo todo e levou a decisão para os pênaltis. Depois disso, tudo ficou ainda mais tranquilo para o English Team, que eliminou a Colômbia nos pênaltis. O sofrimento das cobranças foi importante para dar confiança ao time, já que a Inglaterra tem um retrospecto desastroso nas penalidades. Confiantes pela superação de um trauma e pela queda da Espanha, a Inglaterra fez uma atuação convincente diante da Suécia. Venceu por 2 a 0 e avançou confiante para o confronto diante de uma desgastada Croácia. Liderada por Modric e Rakitic, a equipe suou muito para chegar à semifinal, repetindo o desempenho de 1998. Para figurar entre os quatro melhores da Copa, a Croácia jogou 120 minutos contra a Dinamarca e mais 120 contra a Rússia. Em ambas, enfrentou também o desgaste psicológico da disputa por pênaltis. O favoritismo inglês era notório quando a bola começou a rolar em Moscou e aumentou quando Trippier, lateral do Tottenham, fez um belo gol de falta, logo aos 5 minutos. O canto da torcida inglesa que fala que a Copa está voltando para casa ecoou em Moscou, em Londres, no mundo todo. Mas a “histórica final” entre França e Inglaterra, a essa altura já esperada por todos nós, não vai acontecer. A Croácia não se entregou, superou um momento crítico e aos poucos conseguiu impor seu ritmo. Quando empatou, tomou conta do jogo e esteve perto da virada. O gol decisivo só veio na prorrogação, a terceira da Croácia em três jogos. O caminho mais fácil para a final foi percorrido pela zebra que mais esteve em campo durante a Copa. O jogo de domingo será histórico, mas não pelos motivos que imaginávamos. Não existe caminho fácil para a glória. 

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