Coluna publicada na edição de 14/2/20 do Correio Popular
A eliminação do Corinthians na pré-Libertadores foi uma enorme decepção para a torcida do ponto de vista esportivo, justamente em um ano que os três rivais paulistas vão disputar o torneio. E foi um desastre do ponto de vista financeiro. O clube sofre para arcar com os custos de sua arena e por isso já fez um corte de R$ 60 milhões em relação ao seu orçamento de 2019. A derrota de quarta-feira provocou um rombo de quase R$ 30 milhões nas estimativas de arrecadação da diretoria. A tristeza da torcida e o prejuízo milionário podem afetar o trabalho de Tiago Nunes no comando do Corinthians? A resposta, claro, é sim. Clubes brasileiros costumam ter pouca paciência com resultados adversos e a torcida — que de um modo geral critica esse costume dos cartolas — é a primeira a berrar ao menor sinal de insatisfação. O Corinthians era favorito claro no confronto com o Guaraní por estar muito à frente do adversário paraguaio no que se refere a orçamento e tradição. Não vejo a eliminação como um “vexame” porque o Guaraní chegou à semifinal da Libertadores em 2015. O futebol, mais do que qualquer outro esporte, permite que um time inferior elimine o mais forte. O Corinthians deve dar mais tempo a Tiago Nunes porque o treinador dá sinais de que pode fazer um bom trabalho. Embora atravesse um momento ruim neste início de temporada, o Corinthians foi superior ao Guaraní durante boa parte dos 180 minutos. Foi melhor inclusive no longo período em que atuou com um jogador a menos. O time criou várias situações de gol, mas parou na trave e em grandes defesas de Sérvío, sem contar nas várias jogadas em que a bola não entrou por pouco. O Guaraní começou a fazer cera já no final da primeira partida, em sua casa. Mostrou um futebol pobre e permitiu múltiplas finalizações dos brasileiros, mas teve o mérito de fazer dois gols nas poucas oportunidades que criou. É decepcionante perder um mata-mata nessas circunstâncias, mas Tiago Nunes deve ter a oportunidade de cumprir a sua missão, que é mudar o estilo de jogo praticado pelo Corinthians nos últimos dez anos. Outro motivo para não sair trocando de técnico ao menor sinal de adversidade é financeiro. O clube já enfrenta dificuldades e qualquer mudança gera despesas extras. Além de pagar a rescisão de quem sai, o clube teria que assinar com um novo treinador. Ainda não é a hora de mudar, mas Tiago Nunes deve ter consciência que já perdeu alguns pontinhos de confiança da torcida e da diretoria.