PSICOLOGIA

Não deixe o pânico virar síndrome

Problema, que começa sem causa aparente, pode ser evitado com uma boa dose de 'higiene de vida'

Fabiana Marchezi
03/11/2013 às 15:12.
Atualizado em 26/04/2022 às 10:19

Taquicardia, sudorese, falta de ar, dormências em partes do corpo, medo de morrer, sensações de desrealização, tontura, desmaio e desconforto no peito são alguns dos sintomas mais característicos da síndrome do pânico. Os sintomas são resultado de episódio de ansiedade e medo intensos, de início súbito, sem motivo aparente e com duração entre 10 e 40 minutos.De acordo com a psicóloga Denise Aun Deri, os ataques de pânico ocorrem de forma inesperada em uma situação cotidiana. Eles são diferentes da fobia, que é desencadeada por um gatilho específico, como exposição ao objeto temido. Por exemplo, quem tem medo de cachorro entra em pânico ao encontrar com um animal na rua. “Dessa forma, fobia não é, necessariamente, sinônimo de síndrome do pânico”, explicou a psicóloga.“A síndrome do pânico consiste em um quadro caracterizado por episódios recorrentes de ataque que ocorrem de forma inesperada e não estão restritos a nenhuma situação particular. Costumam ocorrer em situações cotidianas”, esclareceu Denise. “Nesses casos, é comum que a pessoa comece a associar os ataques a essas situações, que passam a ser temidas ou até mesmo evitadas”, acrescentou.A diretora administrativa Daniele Cristiane Grana, de 35 anos, passou a pelo problema em 2008 e disse que buscar um especialista fez toda a diferença. “Eu só queria dormir, não tinha vontade de fazer nada. Acordava no meio da noite com taquicardia, dormência e isso me gerava muito medo de morrer até que ia parar no pronto-socorro”, contou. No início de 2009, quando o medo começou a prejudicar o dia a dia, ela resolveu procurar ajuda. “Fui ao psiquiatra e comecei a tomar antidepressivos e fazer terapia comportamental com psicólogo. Aos poucos fui me sentindo melhor e hoje quase não tenho mais ataques”, comemorou.A psicóloga confirmou a importância da terapia para a melhora do quadro. “Estudos mostram que a associação de antidepressivos com terapia comportamental diminui significativamente a chance de recaída ao longo do tempo. Além disso, uma boa higiene de vida — incluindo bons hábitos alimentares e sono, evitar bebidas alcoólicas em excesso e uso de drogas —, além de praticar atividades físicas regularmente e gerenciar os estressores do dia a dia podem trazer grandes benefícios para a saúde mental dos pacientes e da população em geral. O apoio da família, dos amigos e de pessoas próximas é fundamental para os bons resultados do tratamento”, afirmou.Os sintomas físicos, como desconforto no peito e sensação de morte iminente levam as pessoas com esse quadro a buscarem inicialmente atendimento médico em emergências. No entanto, para ser feito o diagnóstico de transtorno do pânico devem ter ocorrido pelo menos três episódios em um período que vai ficando cada vez menor.“A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade, assim como as fobias, o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e a ansiedade generalizada. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, entre 2% e 4% da população mundial sofre de pânico, sendo que a incidência é maior entre mulheres, principalmente no final da adolescência e no início da vida adulta”, disse Denise.Denise explicou que assim como a maioria dos demais transtornos psiquiátricos, o pânico tem origem multifatorial. “O quadro não pode ser explicado por uma causa específica e sim por um conjunto de fatores. Estão envolvidos fatores genéticos, biológicos, neuroquímicos (alterações de neurotransmissores) e psicossociais”, finalizou a psicóloga.

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