ESFORÇO MILITAR

Washington e Ancara acertam cooperação para combater EI

Na linha de frente do combate ao Estado Islâmico na Síria, as milícias curdas naquele país acusam o governo turco de bombardear suas posições

France Press
27/07/2015 às 20:52.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:37

Washington e Ancara acertaram nesta segunda-feira (27) um esforço conjunto para remover o grupo Estado Islâmico (EI) do norte da Síria, visando "estabelecer uma zona livre" dos jihadistas e garantir maior segurança e estabilidade na fronteira entre Turquia e Síria, informou um alto oficial americano.O oficial, que pediu para ter a identidade preservada, disse que os detalhes da cooperação "ainda não foram definidos", mas destacou que "qualquer esforço militar conjunto incluirá a imposição de uma zona de exclusão aérea".O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, confirmou a determinação do governo de lutar contra o Estado Islâmico na vizinha Síria. "Não queremos ver o Daesh (EI) na fronteira turca", frisou.Davutoglu se referia à campanha aérea e descartou o envio de tropas terrestres para combater os jihadistas."A presença da Turquia, utilizando com eficácia suas forças, deve permitir mudar a situação na Síria, no Iraque e em toda a região", alegou.Até o momento acusado de fechar os olhos para a ameaça do EI, o governo turco deu um giro em sua política em relação à Síria, após o atentado que matou 32 pessoas, a maioria estudantes turcos, na cidade de Suruc, na região da fronteira.Desde a última sexta-feira, a Força Aérea turca realizou várias operações contra objetivos do EI na Síria. Além disso, Ancara autorizou a utilização da base aérea de Incirlik, no sul do país, para ataques de aviões dos EUA contra os jihadistas na Síria e no Iraque. O "fortalecimento do compromisso da Turquia com a coalizão" internacional que enfrenta o EI foi celebrado pelo presidente francês, François Hollande, que agradeceu ao presidente Recep Tayyip Erdogan "por suas ações vigorosas" contra os jihadistas.Em paralelo, as autoridades turcas enviaram seus aviões para o norte do Iraque para bombardear bases do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). A ofensiva aconteceu depois de uma série de ataques dos curdos contra as forças de segurança turcas.A Turquia prosseguirá até que o PKK renuncie às armas", proclamou Davutoglu."Vamos continuar nosso combate (...) até chegarmos a um determinado resultado. Ou as armas, ou a democracia. Ambas não são compatíveis", frisou.O porta-voz do Departamento de Estado americano, John Kirby, reafirmou que a Turquia tem "o direito de se defender" contra o PKK.Já as milícias curdas na Síria acusaram a Turquia de bombardear suas posições, na linha de frente do combate ao Estado Islâmico na Síria.De acordo com as milícias curdas, vários tanques turcos dispararam contra duas aldeias na zona fronteiriça de Zur Maghar, na província de Aleppo (norte da Síria), e deixaram quatro combatentes feridos.Estes tiros foram confirmados pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido que tem uma ampla rede de informantes no país."Em vez de atacar posições dos terroristas do EI, as forças turcas atacam nossas posições de defesa", denunciaram em um comunicado as Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG)."Pedimos ao Exército turco que pare de atirar contra nossos combatentes e suas posições", completou a nota.Um oficial turco negou as acusações: "as operações em andamento têm por objetivo neutralizar as ameaças contra a segurança nacional turca (...), mas o PYD (principal partido curdo na Síria), junto a outros, não faz parte dos alvos de nossas operações militares"."É impossível que tenham sido bombardeados", insistiu uma autoridade do Ministério turco das Relações Exteriores.A ofensiva turca tem provocado protestos contra Erdogan, acusado pelos curdos ??de ser cúmplice dos jihadistas.Como parte dessa "guerra ao terrorismo", a polícia turca prendeu centenas de pessoas (1.060, de acordo com uma autoridade) por supostas ligações com o PKK, o EI e a extrema esquerda. 

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