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Vulcões explosivos e efusivos: a diferença entre as erupções em Guatemala e Havaí

A explosão do Vulcão de Fogo na Guatemala surpreendeu pela fúria com a qual o material incandescente destruiu as casas ao seu redor, cujos moradores não tiveram tempo de fugir dos velozes deslizamentos

AFP
07/06/2018 às 16:30.
Atualizado em 28/04/2022 às 12:01

A explosão do Vulcão de Fogo na Guatemala surpreendeu pela fúria com a qual o material incandescente destruiu as casas ao seu redor, cujos moradores não tiveram tempo de fugir dos velozes deslizamentos.Após a erupção de domingo passado, ao menos 99 pessoas morreram e cerca de 200 permanecem desaparecidas nos arredores do colosso de 3.763 metros acima do nível do mar, situado a 35 quilômetros a sudoeste de Ciudad de Guatemala.Em contraste, o Kilauea, do Havaí, que entrou na fase eruptiva em 3 de maio, lançou rios de lava que isolaram povoados e obrigaram a evacuação de 2.000 pessoas.Seu impressionante fluxo viscoso saiu lentamente das fissuras da montanha, dando tempo para retirar os moradores em risco.O vulcanólogo costa-riquenho Gino González, da organização Vulcões Sem Fronteiras, explicou que o Fogo e o Kilauea são exemplos dos dois tipos de vulcões que existem.O de Fogo apresenta erupções de tipo explosivo. Tem uma grande quantidade de gás em seu interior, o que faz com que suas erupções sejam violentas e possam lançar material a vários quilômetros sobre a cratera.Na erupção de domingo, rochas ardentes foram expelidas da cratera do Vulcão de Fogo e caíram a uma velocidade de até 100 km/h que cobriram tudo em sua passagem.O Kilauea, pelo contrário, apresenta erupções de tipo efusivo. Com menos gás em seu interior, suas erupções são mais lentas, os rios de lava que surgem de suas fissuras se deslocam a 5 km/h, a velocidade que uma pessoa caminha normalmente, explicou González à AFP.Sobre o vulcão do Havaí, o geólogo guatemalteco Francisco Juárez, do estatal Instituto de Vulcanologia, comentou que "não ouvimos (falar) de pessoas mortas porque seus fluxos se deslocam de maneira relativamente lenta e previsível".O colosso guatemalteco apresenta outras características que fizeram com que a erupção de domingo fosse especialmente devastadora."O volume de material lançado foi muito grande em pouquíssimo tempo, pelo qual a coluna alcançou mais de cinco quilômetros sobre a cratera", comentou González.- Istmo ativo -Além disso, o vulcão tem uma altura de 3.000 metros da base até a cratera, ladeiras muito inclinadas e populações muito próximas. Com essa conjuntura, o material alcançou rapidamente as casas."Na queda das rochas expelidas, estas alcançaram tanta velocidade que cobriram tudo em sua passagem", contou González sobre a potência da erupção de domingo na Guatemala.Especialistas consideram que as autoridades e os cientistas devem estar preparados para fazer frente a emergências como a da Guatemala quando se sabe que o vulcão é propenso a uma erupção."Quando se sabe que existem pessoas vivendo na base de um vulcão ativo, o mínimo que as instituições científicas de monitoramento e estudo têm que fazer é dedicar recursos para acompanhar permanentemente, medir a atividade, manter uma vigilância sistemática 24 horas por dia", disse à AFP Demetrio Escobar, do Observatório Ambiental de El Salvador.Na América Central existem cerca de 50 vulcões com diferentes graus de atividade, em sua maioria de tipo explosivo, como o de Fogo. Mas os especialistas consideram pouco provável que se repita uma tragédia das dimensões do colosso guatemalteco.González citou o caso dos vulcões Arenal e Rincón de la Vieja na Costa Rica, ambos explosivos e com muita atividade nas últimas décadas, mas com una altura de 900 metros desde a base, fazendo com que o acúmulo de gás fosse menor.Ainda assim, há registros de uma potente explosão do vulcão Ilopango, em El Salvador, há 1.500 anos, que dizimou a população maia da região e obrigou muitas pessoas a emigrar para outras localidades.A Guatemala tem outros vulcões ativos, o Pacaya e o Santiaguito. Juárez afirmou que o Pacaya tende a ser mais passivo, com erupções menos violentas.O Santiaguito, por sua vez, tem uma história de erupções violentas, inclusive mais fortes que as do de Fogo.

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