Delegados do governo e da oposição da Venezuela voltam a se encontrar nesta quinta-feira (11) na República Dominicana, em uma terceira rodada de negociações cujo ponto alto são as condições eleitorais para as eleições presidenciais previstas para este ano
Delegados do governo e da oposição da Venezuela voltam a se encontrar nesta quinta-feira (11) na República Dominicana, em uma terceira rodada de negociações cujo ponto alto são as condições eleitorais para as eleições presidenciais previstas para este ano.O encontro, de dois dias, acontece em meio a uma tensão crescente: o governo ameaça anular a participação nos comícios dos principais partidos da Mesa da Unidade Democrática (MUD) e um setor dessa coalizão opositora promete retomar os protestos caso o diálogo não funcione."Parece ser um ambiente que não vamos poder avançar nessa suposta negociação. Se fracassar, este partido estará na rua defendendo os direitos do povo", disse o deputado Juan Andrés Mejía.O deputado de Vontade Popular, partido do líder opositor Leopoldo López -em prisão domiciliar-, assegurou que a negociação somente funcionará se o governo se comprometer com eleições presidenciais "justas". "Não precisamos ir à República Dominicana se não quiserem, podem ir às ruas, nas ruas os esperamos", desafiou o ministro da Comunicação e principal delegado do governo no diálogo, Jorge Rodríguez.A essas tensões se somou o assassinato, na quarta-feira, de um deputado da Assembleia Constituinte, o que Rodríguez atribuiu preliminarmente a um "crime por encomenda político" de "certo setor da política". Neste clima eles se sentam à mesa a partir dessa quinta-feira, em pleno recrudescimento da crise do país petroleiro. - Um processo complexo -A Assembleia Constituinte convocou os maiores partidos da MUD -Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática- a se reinscrever no poder eleitoral para poder disputar as eleições presidenciais nos dias 27 e 28 de janeiro. Eles se negaram a concorrer nas eleições municipais de dezembro, denunciando um sistema eleitoral "fraudulento". O deputado Luis Florido, enviado do Vontade Popular a Santo Domingo, assegurou que o reconhecimento dos partidos e a renovação Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao governo, são pontos vitais para que o diálogo funcione.O governo, por sua vez, exige que a oposição reconheça a Constituinte, e vários de seus funcionários garantiram que as eleições presidenciais serão realizadas com o mesmo poder eleitoral.O chanceler dominicano, Miguel Vargas, está otimista. As partes "mostraram um grande compromisso com este diálogo. Esperamos que se chegue a um acordo definitivo", afirmou. O papa Francisco advertiu na segunda-feira, no Vaticano, sobre a "crise política e humanitária cada vez mais dramática" do país petroleiro. "A Santa Sé (...) deseja que se criem condições para que as eleições previstas durante o ano em curso consigam dar início à solução dos conflitos", disse Francisco. O Vaticano já foi mediador de um diálogo fracassado em Caracas em 2016.avs/mis/cd/cc