COMOÇÃO

Venezuela chora morte de Chávez pelas ruas de Caracas

Maré vermelha humana acompanha com tristeza cortejo fúnebre do presidente venezuelano

France Press
06/03/2013 às 17:48.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:51
População acompanha cortejo do corpo de Hugo Chávez, em Caracas (France Press)

População acompanha cortejo do corpo de Hugo Chávez, em Caracas (France Press)

Uma maré vermelha humana acompanhava com tristeza o cortejo fúnebre do presidente Hugo Chávez, partindo do hospital Militar onde faleceu até a capela ardente instalada na Academia Militar, berço do projeto político que o levou ao poder.

O caixão com o corpo de Chávez, coberto com a bandeira venezuelana, foi trasportado por um carro fúnebre ornamentado com coroas de flores brancas e amarelas abrindo caminho lentamente em meio à multidão, que enche a capital.

"Até a vitória sempre, comandante! Nós te amamos!", gritavam entre lágrimas milhares de seguidores, que pediam que o dirigente seja enterrado no Panteão Nacional, ao lado do Libertador Simón Bolívar.

"Isto é História. Passarão mais de cem anos até que haja outro líder assim", disse entre soluços Luz Mayel, de 38 anos, de origem colombiana.

A mãe de Chávez, Elena Frías, apoiava-se em seu caixão, chorando e escondendo o rosto com um lenço, enquanto os presentes se recolhiam em uma breve oração dirigida por um capelão militar.

Vestido com uma jaqueta esportiva com as cores da bandeira venezuelana, o vice-presidente Nicolás Maduro,herdeiro político de Chávez, avançava em frente ao carro, junto ao presidente boliviano Evo Morales, ministros e líderes, como o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello.

Nenhum alto responsável do chavismo, que enfrentarão agora o desafio de levar adiante seu movimento seu indiscutível líder, fizeram declarações.

Durante o cortejo, o hino da Venezuela foi entoado pela voz gravada de Chávez e acompanhado com emoção por todos os presentes.

Centenas de partidários, muitos deles vestidos de vermelho, a cor do chavismo, acenavam em direção ao carro, lançando beijos, expressando todo o espanto pelo dramático desaparecimento do mandatário.

Em outros pontos da capital, como no bairro opositor de Chacao, alguns venezuelanos destacaram como o governante contribuiu para dividir o país em dois, com o seu discurso polarizador e agressivo.

"Ódio e divisão foram as únicas coisas semeadas", disse José Mendonza, um programador de 28 anos. "O que o Chávez fez não tem palavras: arruinou a Venezuela", afirmou por sua vez Giuseppe Leone, um ítalo-venezuelano de 78 anos.

Chávez morreu na terça-feira aos 58 anos no hospital militar de Caracas, depois de lutar contra um câncer que foi diagnosticado em junho de 2011 e pelo qual passou por quatro cirurgias em Havana.

Na memória coletiva dos venezuelanos, ficará gravada a última frase pronunciada por Chávez publicamente em 10 de dezembro, antes de partir para Cuba: "Até a vida sempre!", disse com a mão levantada.

A Academia Militar foi escolhida para receber o corpo de Chávez porque o presidente considerava seu segundo lar e berço de sua vocação política, que em 1992 o levou a uma fracassada tentativa de golpe e sete anos depois à presidência da Venezuela.

O chanceler Elías Jaua informou que uma capela fúnebre será instalada para permitir que o maior número possível de pessoas possam ver seu "pai, seu libertador, seu protetor".

Os primeiros presidentes da América Latina começaram a chegar ao país para o funeral oficial, previsto para sexta-feira às 10H00 (11H30 de Brasília).

Sete países latino-americanos decretaram luto nacional, entre eles o Brasil, Argentina, Chile e Cuba.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu colega uruguaio, José Mujica, foram os primeiros a chegar à 5H00 (6H30 de Brasília), um pouco antes do boliviano Evo Morales, que foi recebido por Jaua.

O chanceler afirmou que o país amanheceu calmo e disse que 10 chefes de Estado confirmaram presença no funeral. Vários devem chegar ao país na quinta-feira.

Chávez, que assumiu a presidência em 1999, havia retornado de Havana em 18 de fevereiro, mas não foi visto nem ouvido, depois de ter passado por uma cirurgia em 11 de dezembro, a quarta desde o diagnóstico de câncer, cuja natureza e detalhes nunca foram oficialmente divulgados.

O governo prometeu que informará o local do enterro do presidente, natural do estado Barinas, na região oeste do país.

Jaua informou na terça-feira que Maduro assumirá a presidência temporária até a convocação da eleição, que ainda não teve a data anunciada pelo governo.

Maduro, de 50 anos, será o candidato governista nas eleições que devem acontecer em um prazo de 30 dias, como determina a Constituição, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos.

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