SÍRIA

Turquia retoma bombardeios contra a milícia

A Turquia retomou neste domingo os bombardeios para tentar quebrar as linhas das milícias curdas sírias

AFP
28/01/2018 às 12:31.
Atualizado em 22/04/2022 às 09:54
Soldados turcos seguem para fronteira com a Síria, em Hassa  (AFP)

Soldados turcos seguem para fronteira com a Síria, em Hassa (AFP)

A Turquia retomou neste domingo os bombardeios para tentar quebrar as linhas das milícias curdas sírias, aliadas dos Estados Unidos, após a exigência de retirada de uma cidade do norte da Síria.A Força Aérea e a artilharia turcas bombardearam na manhã deste domingo a colina Barsaya, na região de Afrin (noroeste da Síria), informou a agência estatal Anadolu. As forças turcas iniciaram uma ofensiva nesta região em 20 de janeiro contra as Unidades de Proteção Popular (YPG), milícia curda aliada à coalizão antijihadista liderada por Washington, que Ancara considera um grupo "terrorista". Apesar da tensão crescente entre Turquia e Estados Unidos, aliados na Otan, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse estar decidido a prosseguir com a ofensiva e inclusive ampliá-la para o leste, em particular até Manbij, para onde Washington enviou militares. O agravamento da situação levou as autoridades da região curda semiautônoma da Síria a anunciar neste domingo que não participarão da reunião para tentar solucionar o conflito, prevista para terça-feira em Sochi (Rússia). No campo de batalha, os bombardeios eram intensos neste domingo."Os combates são muito violentos no monte Barsaya (...), estratégico, já que domina Azaz, do lado sírio, e Kilis, do lado turco", afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). "Há pouco conversei com um comandante. Me disse: 'Com a ajuda de Deus, a colina de Barsaya cairá em breve'", declarou Erdogan em um discurso em Corum (norte). Os soldados turcos e seus aliados árabes sírios afirmaram na segunda-feira que assumiram o controle da colina, após combates violentos, mas poucas horas depois perderam o controle da área.A oposição entre Washington e Ancara sobre as YPG envenena há mais de um ano as relações diplomáticas. A Turquia critica o apoio dos Estados Unidos a este grupo vinculado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em guerra com Ancara em território turco. A operação turca na Síria aumenta a tensão. Erdogan, ignorando o pedido americano de "moderação", prometeu ampliar a ofensiva.No sábado, o chanceler turco, Mevlüt Cavusoglu, exigiu que Washington retire suas tropas mobilizadas em Manbij, cidade que fica 100 quilômetros ao leste de Afrin. Depois de Afrin "limparemos Manbij", afirmou neste domingo o porta-voz do governo turco, Bekir Bozdag, citado pela agência Anadolu.Diante da ofensiva turca, o Partido da União Democrática (PYD), braço político das YPG, pediu no sábado à comunidade internacional e às forças nacionais sírias que pressionem para que Ancara interrompa a ofensiva.Desde 20 de janeiro, cinco soldados turcos morreram, segundo o Estado-Maior turco. Quase 40 ficaram feridos. Segundo o OSDH, 69 rebeldes apoiados por Ancara e 66 combatentes kurdos morreram nos confrontos. O OSDH indicou ainda que 44 civis morreram, em sua maioria em bombardeios turcos. Ancara nega bombardeios contra a população. A intervenção turca em Afrin foi precipitada após o anúncio de Washington para criar uma "força fronteiriça" de 30.000 homens, incluindo as milícias das YPG.

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