Resultados da segunda rodada de testes realizada por técnicos e policiais federais são apresentados aos ministros do TSE, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski (Abdias Pinheiro/SECOM/TSE)
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) fazia ontem novas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluía a segunda rodada de testes de segurança nas urnas eletrônicas sem identificar fragilidades. A segunda etapa do Teste Público de Segurança, realizada entre quarta-feira e ontem, concluiu que as urnas são seguras, mesmo após hackers simularem ataques ao sistema que será utilizado nas eleições deste ano.
A primeira etapa ocorreu no ano passado, quando o TSE reuniu 26 investigadores que conduziram 29 tentativas de ataque às urnas. Deste total, apenas cinco planos foram considerados "achados" relevantes pela equipe técnica e foram reproduzidos ao longo desta semana, após melhorias conduzidas pela Corte. O objetivo era verificar se o TSE conseguiu blindar o sistema de votação dos ‘achados' anteriores.
O plano de ataque que mais chamou a atenção foi o conduzido por uma equipe da Polícia Federal, que conseguiu ultrapassar a barreira de segurança da rede de transmissão e acessar a rede do TSE. O ataque, porém, não conseguiu adulterar informações ou chegar ao sistema de votação. As tentativas de ataque foram repetidas, mas não obtiveram sucesso.
Segundo o juiz auxiliar da presidência, Sandro Nunes Vieira, o TSE fez correções na infraestrutura da rede e no controle de acessos. "A solução implementada pelo TSE foi validada pelos peritos da Polícia Federal que, ao tentar entrar na rede, foram expulsos e não conseguiram o ataque", afirmou Vieira.
Outros ataques considerados relevantes incluíram uma outra tentativa de acesso à rede do TSE, que conseguiu passar pela rede de segurança e chegar à "porta" da rede do Tribunal, mas sem ter sucesso em invadi-la.
Em um dos resultados do teste, o TSE informou que vai elaborar estudos para avaliar a possível redução do tamanho da cabine de votação. O objetivo é aumentar a segurança contra a possibilidade de inserção de equipamentos externos ao local de votação.
Apesar de repetidos questionamentos de Bolsonaro sobre a segurança das urnas, nunca houve registro de fraude eleitoral desde a adoção do voto eletrônico no Brasil.
Críticas
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender as Forças Armadas e fez críticas indiretas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em evento de formatura de oficiais da Polícia Militar em São Paulo, Bolsonaro afirmou que "marginais do passado hoje usam de outras armas" para "roubar a nossa liberdade".
"Nós, pessoas de bem, civis e militares, precisamos de todos para garantir a nossa liberdade. Porque os marginais do passado hoje usam de outras armas, também em gabinetes com ar-condicionado, visando roubar a nossa liberdade", afirmou o presidente.
A fala de Bolsonaro acontece em meio a embates com o Supremo, após a condenação do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) a oito anos e nove meses de prisão por incitar agressões a ministros e atentar contra a democracia, e com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a lisura do processo eleitoral.
O presidente também afirmou ontem que os "marginais" culpam a liberdade de expressão para "fustigar pessoas de bem" e fazer com que elas "desistam do seu propósito".
"Nós, Forças Armadas, nós, forças auxiliares, não deixaremos que isso aconteça. Nós defendemos a nossa Constituição, a nossa democracia e a nossa liberdade", completou Bolsonaro, pedindo, ainda, que o Exército e civis se unam pela liberdade.