INTERNACIONAL

Trump nega acobertamento de EUA a sauditas por jornalista desaparecido

O presidente americano, Donald Trump, negou nesta quarta-feira (17) tentar "encobrir" sua aliada, a Arábia Saudita, no caso de Jamal Khashoggi e disse esperar saber da verdade nesta semana sobre o que aconteceu com o jornalista supostamente assassinado na Turquia por agentes enviados por Riad

AFP
18/10/2018 às 06:10.
Atualizado em 06/04/2022 às 08:20

O presidente americano, Donald Trump, negou nesta quarta-feira (17) tentar "encobrir" sua aliada, a Arábia Saudita, no caso de Jamal Khashoggi e disse esperar saber da verdade nesta semana sobre o que aconteceu com o jornalista supostamente assassinado na Turquia por agentes enviados por Riad."Não, (não estou encobrindo) nada, eu só quero averiguar o que está acontecendo", disse Trump a jornalistas na Casa Branca. "Não estou encobrindo" os sauditas de nada, insistiu.O presidente informou que receberá um "relatório completo" do secretário de Estado, Mike Pompeo, com quem se reunirá na manhã desta quinta-feira, no retorno do diplomata de suas reuniões com autoridades turcas e sauditas, e que então saberá a verdade."Provavelmente vamos saber algo até o final da semana", disse Trump.Trump fez estes comentários logo após a publicação pela imprensa turca de revelações segundo as quais o jornalista foi torturado e assassinado por agentes sauditas no consulado de seu país em Istambul no dia 2 de outubro.O jornal Yeni Safak relata ter tido acesso a gravações de áudio e informa que Khashoggi foi torturado durante um interrogatório e que os agentes sauditas cortaram seus dedos, antes de "decapitar" a vítima.Segundo estas informações, os assassinos sauditas seriam agentes ligados ao príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS, um poderoso membro da família real saudita e ator-chave nos esforços por uma maior aproximação do reino com a Casa Branca.O governo americano parece dar o benefício da dúvida à sua aliada, insistindo na vontade de Riad de realizar sua própria investigação.Na terça-feira, em uma entrevista à agência americana AP, Trump pediu que se aplique o princípio da presunção da inocência para a Arábia Saudita. O desaparecimento de Khashoggi, um cidadão saudita residente nos Estados Unidos durante o último ano, e crítico de MBS, pode ter colocado fim às aspirações do príncipe herdeiro de modernizar o rosto da Arábia Saudita.Também aumentou as pressões sobre a Casa Branca para que revise seus laços com um aliado de décadas, ambos rivais do Irã, inimigo regional de Riad desde a Revolução Islâmica de 1979.Depois de advertir com um "castigo severo" caso Riad seja responsável pelo desaparecimento de Khashoggi, Trump voltou atrás em suas intenções de punir o reino saudita, que elogia como um importante aliado no Oriente Médio e comprador histórico de armas americanas."Precisamos da Arábia Saudita para a luta contra o terrorismo, para tudo que acontece no Irã e outros lugares", disse nesta quarta-feira em uma entrevista à Fox Business.Após se reunir com dirigentes sauditas em Riad na véspera, Pompeo encontrou nesta quarta em Ancara com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que evitou até agora incriminar diretamente a Arábia Saudita no caso.Pompeo se negou a dizer se Khashoggi estava vivo ou morto. "Não quero falar de nenhum dado". Ele deixou a capital turca sem falar com a imprensa. - Membros do entorno do príncipe -Um dos homens identificados pelas autoridades turcas como agente enviado a Istambul faz parte do entorno de Bin Salman, afirmou na terça-feira o jornal New York Times.De acordo com o NYT, que publicou várias fotos, Maher Abdulaziz Mutreb acompanhou o príncipe em sua viagem aos Estados Unidos em março, assim como a Madri e Paris um mês depois.O New York Times menciona mais três suspeitos vinculados por testemunhas e outras fontes aos serviços de segurança do príncipe.Um quinto homem, identificado como Salah Al Tubaigy, ocupou cargos de alta responsabilidade no ministério saudita do Interior e na área médica, completou o jornal, ao afirmar que "uma personalidade deste nível só pode ser comandada por uma autoridade saudita de alta patente".O NYT afirma, ainda, ter confirmado que "ao menos nove dos 15 (suspeitos) trabalharam para os serviços sauditas de segurança, o exército ou outros ministérios".O Washington Post afirmou que 11 dos 15 suspeitos mencionados pelas autoridades turcas estão vinculados aos serviços de segurança sauditas.Para o New York Times, o fato de que os suspeitos têm relação com o governo e vários deles com o príncipe herdeiro "poderia tornar muito mais difícil absolvê-lo de qualquer responsabilidade" no desaparecimento do jornalista.A imprensa americana informou na segunda-feira que a Arábia Saudita cogitava reconhecer a morte do jornalista durante um interrogatório no consulado. Mas até agora nada foi divulgado a respeito.

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