A trégua humanitária entrou em vigor na terça-feira à noite por iniciativa da Arábia Saudita, que lidera desde 26 de março uma campanha aérea contra os rebeldes xiitas
As forças militares árabes lideradas pela Arábia Saudita acusaram os rebeldes huthis do Iêmen de violar o cessar-fogo nesta quinta-feira, mas destacaram que pretendem manter a trégua humanitária de cinco dias.A trégua humanitária entrou em vigor na terça-feira à noite por iniciativa da Arábia Saudita, que lidera desde 26 de março uma campanha aérea contra os rebeldes xiitas que ameaçavam tomar o controle da totalidade do Iêmen, fronteiriço com o reino.Ao menos 1.578 pessoas morreram e 6.504 ficaram feridas desde o início dos bombardeios, segundo um balanço divulgado na quarta-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS).Além disso, os bombardeios provocaram tensão entre o reino da Arábia Saudita, reduto do wahabismo, uma doutrina sunita puritana baseada em uma interpretação literal do Alcorão, e a República Islâmica do Irã, onde os xiitas são majoritários.Em um comunicado transmitido pela agência de notícias saudita, a coalizão afirmou que os rebeldes haviam violado a trégua em 12 ocasiões e que utilizaram artilharia de foguetes em ataques contra vários povoados no sul.Apesar das supostas violações, a coalizão afirmou "seu compromisso pleno com a trégua humanitária e a moderação".Os moradores afirmaram que nesta quinta-feira a calma reinou na maior parte do país, exceto nas cidades de Taez, Daleh e Marib, onde foram reportados tiroteios entre os rebeldes e os combatentes partidários do presidente iemenita Abd Rabo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita.Os Estados Unidos afirmaram que, embora a trégua esteja sendo amplamente respeitada, o governo recebeu informações de confrontos que ocorreram depois que o cessar-fogo entrou em vigor.Os huthis, aliados de militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, assumiram o controle de muitos territórios do Iêmen, incluindo a capital, Sanaa, e estavam avançando em direção a Áden, no sul, quando Riad iniciou sua campanha aérea.Aeroporto de Sanaa abertoUm oficial de aviação disse que o aeroporto de Sanaa, um alvo recorrente dos bombardeios aéreos, estava voltando a operar gradualmente após o pouso de um avião procedente da Jordânia com 150 passageiros a bordo.Em mensagens de texto enviadas aos moradores, a autoridade da aviação civil do Iêmen anunciou que "dois voos do Médicos Sem Fronteiras (MSF) e das Nações Unidas chegarão hoje (quinta-feira) a Sanaa".Dominque Burgeon, especialista em situações de emergência na Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), disse que a situação no Iêmen é catastrófica porque falta tudo. A agência do governo Sabanew.net, citando Nadia Sakkaf, ministra da Informação do Iêmen, informou que sete navios com alimentos, ajuda médica e combustível atracaram em portos iemenitas.Sakkaf afirmou que continuarão ocorrendo voos entre Iêmen, Jordânia e Egito até 18 de maio, quando o fim da trégua está previsto.O Irã, acusado pela Arábia Saudita de armar os rebeldes, anunciou que enviaria um barco com ajuda ao Iêmen, o que provocou advertências do governo no exílio.Em declarações a partir da Arábia Saudita, o ministro iemenita das Relações Exteriores Ryad Yasin disse que "serão tomadas todas as medidas contra o barco do Irã se ele entrar em águas territoriais iemenitas sem a autorização" da coalizão, informou Sabanew.net.Yasin disse que seu governo também está estudando "uma ruptura das relações diplomáticas com o Irã".O Pentágono afirmou na terça-feira que estava acompanhando o barco, enquanto o exército iraniano advertiu contra qualquer tentativa de detê-lo.