FOGO ABERTO

Trégua no Iêmen chega ao fim e ataques são retomados

Sem fazer qualquer declaração sobre o fim da trégua, as forças sauditas, as mais ativas dentro da coalizão, retomaram a campanha de ataques aéreos e bombardeios

France Press
18/05/2015 às 11:16.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:21

Os ataques aéreos da coalizão árabe contra os rebeldes no Iêmen foram retomados depois de uma trégua de cinco dias, o que pode comprometer a entrega de ajuda humanitária que começa a chegar em um país onde a população carece de tudo.À frente da coalizão, a Arábia Saudita constatou, de acordo com uma fonte diplomática ocidental, que os rebeldes xiitas huthis aproveitaram-se da trégua para posicionar peças de artilharia e lançadores de foguetes perto da fronteira saudita."Eles (os sauditas) consideram que é uma violação direta do acordo de cessar-fogo", declarou a fonte à AFP.Sem fazer qualquer declaração sobre o fim da trégua, as forças sauditas, as mais ativas dentro da coalizão, retomaram a campanha de ataques aéreos e bombardeios, suspensos desde terça-feira à noite.As tropas mobilizadas na fronteira bombardearam posições dos huthis no norte do Iêmen, informou Al-Arabiya, um canal de televisão saudita, com sede em Dubai.Aeronaves da coalizão também visaram nesta madrugada posições dos rebeldes em Áden (sul), de acordo com fontes militares e testemunhas. Ao menos cinco veículos dos huthis foram destruídos, acrescentaram as fontes, que não souberam fornecer um balanço de mortos.Um ataque anterior havia atingido o palácio presidencial e uma base das forças especiais, dois locais controlados pelos rebeldes e seus aliados, soldados leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.Estes são os primeiros ataques aéreos registrados após o término, às 20h00 GMT (17h00 de Brasília), da trégua em vigor desde terça-feira.O cessar-fogo foi declarado pela Arábia Saudita, interrompendo os ataques realizados desde 26 de março em apoio aos partidários do presidente exilado Abd Rabbo Mansour Hadi.A trégua foi marcada por combates no terreno entre os rebeldes e as forças pró-Hadi e por incidentes na fronteira com a Arábia Saudita, onde o Reino denunciou ataques a partir do norte do Iêmen.Filas de espera por combustívelConfrontos esporádicos continuam nesta segunda em Áden e Taez (sudoeste), segundo habitantes locais. E 12 rebeldes foram mortos em um ataque com armas automáticas e foguetes RPG lançados pelas forças pró-Hadi em Dhaleh (sul), de acordo com fontes militares.Na capital Sanaa, apesar da relativa calma, a população permanece carente de serviços essenciais, tais como água, eletricidade e combustível.Centenas de veículos faziam fila nos poucos postos de gasolina abertos, informou um correspondente da AFP.A trégua ajudou no envio ao país de quantidades significativas de combustível, remédios e comida, mas a sua distribuição continua a ser prejudicada pelos combates.Um grupo de organizações hostis aos huthis acusou os milicianos xiitas de monopolizar a ajuda que chega em Taez. "A trégua beneficiou os huthis que puderam organizar melhor suas fileiras e repor os estoques de combustível em áreas sob seu controle", declarou o grupo "Forças Revolucionárias da Taez".O coordenador das atividades humanitárias da ONU para o Iêmen, Johannes van der Klaauw, apelou no sábado a coalizão para "simplificar" o controle de cargas para este país, considerando que estas medidas freia a entrega vital de bens e "ajuda humanitária.No domingo, o enviado da ONU Ismail Ould Cheikh Ahmed considerou que o cessar-fogo não tinha possibilitado o fornecimento de ajuda humanitária suficiente em áreas afetadas pelo conflito. Ele pediu a "todas as partes que respeite a trégua por pelo menos mais cinco dias."A ONU considera a situação humanitária "catastrófica" no Iêmen, onde mais de 1.600 pessoas, incluindo muitos civis, foram mortos desde março.

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