Yassin Salhi,suspeito de decapitar seu chefe na sexta, confessou o assassinato antes de ser transferido para a sede da polícia antiterrorista em Paris
Policiais conduzem suspeito de ataque ( AFP)
Yassin Salhi, de 35, suspeito de decapitar seu chefe na sexta-feira na região de Lyon (centro-leste da França), confessou o assassinato antes de ser transferido para a sede da polícia antiterrorista em Paris. Salhi, preso na sexta no local do ataque, uma fábrica de gás em Saint-Quentin-Fallavier, nos arredores de Lyon, começou a falar com os investigadores na noite de sábado após ter permanecido em silêncio desde sua prisão. "Também forneceu elementos sobre as circunstâncias" do crime, afirmou a fonte, sem dar mais detalhes. O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, garantiu neste domingo que o país "sob uma grande ameaça terrorista" e que o combate ao jihadismo "será grande". "Esta luta será longa" e "não se pode exigir resultados imediatamente", disse Valls em uma entrevista simultânea para vários meios de comunicação franceses.Em Lyon, Yassin Sahli, começou a "contar os fatos" na noite de sábado, antes de confessar o assassinato de seu chefe Hervé Cornara, 54 anos, de acordo com esta fonte. Segundo os investigadores, o suspeito enviou uma selfie com a cabeça decapitada de sua vítima para um número de telefone canadense. No momento, o destinatário é desconhecido e o número poderia ser apenas um número de passagem para outro telefone.O porta-voz do ministro canadense da Segurança Pública, Steven Blaney, anunciou que o Canadá está colaborando com a França neste caso. "Embora não possa comentar os aspectos operacionais da Segurança Nacional, posso dizer que estamos ajudando as autoridades francesas em sua investigação", resumiu o porta-voz Jean-Christophe de Le Rue.Os investigadores franceses estudam uma possível conexão com a Síria. De acordo com os últimos dados disponíveis, pelo menos 473 pessoas que deixaram a França estão nas áreas controladas pelo grupo Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque.A prisão provisória de Yassin Salhi foi prorrogada, assim como a de sua mulher e de sua irmã, também detidas na sexta-feira. Em casos envolvendo acusações de terrorismo, esse tipo de detenção pode ser estendida por até 96 horas.Modus operandi similar ao EIA necropsia de Hervé Cornara, de 54 anos, foi realizada neste sábado, com o objetivo particular de verificar se o cadáver foi decapitado antes ou após a morte da vítima. Os primeiros resultados não foram conclusivos.A cabeça apareceu pendurada numa cerca do local onde o ataque ocorreu, uma fábrica de gás industrial em Saint-Quentin-Fallavier, a cerca de 30 quilômetros de Lyon. A cabeça foi cercada por bandeiras com mensagens religiosas islâmicas, um modus operandi semelhante ao do EI.Yassin Salhi começou a trabalhar este ano na empresa de transportes de Cornara. Ao volante de caminhonetes da empresa, Salhi se dirigia regularmente à fábrica de gás do grupo americano Air Products, em Saint-Quentin-Fallavier, na mesma região, onde é suspeito de ter cometido um atentado depois de promover a exibição macabra da cabeça de sua vítima. Os funcionários o conheciam, razão pela qual pode ter entrado no local sem gerar desconfiança.As autoridades francesas reforçaram o plano de monitorização com o chamado Vigipirate na região de Lyon, onde existem inúmeras fábricas de produtos químicos e três usinas nucleares.O primeiro-ministro Manuel Valls, que interrompeu uma visita à América do Sul depois do ataque, lembrou que "a questão não é se haverá um outro ataque, mas quando".A este respeito, 85% dos franceses acreditam que a ameaça terrorista na França é "alta", de acordo com uma pesquisa Ifop publicada neste domingo pelo Journal de Dimanche.Entre 2006 e 2008, Yassin Salhi foi fichado pelos serviços de Inteligência como um dos indivíduos que representariam uma ameaça potencial à segurança do Estado, disse François Molins, confirmando as declarações do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.Salhi voltou a ser monitorado pela Inteligência francesa entre 2011 e 2014 por seus vínculos com o movimento salafista de Lyon.