buscas intensas

Submarino argentino continua desaparecido

O maior esforço de busca se concentra nas unidades de superfície (embarcações) com sonares e radares, revelou o porta-voz naval, Enrique Balbi, ao dar o único boletim diário da situação

France Presse
26/11/2017 às 19:34.
Atualizado em 23/04/2022 às 00:39
Submarino argentino continua desaparecido (Divulgação)

Submarino argentino continua desaparecido (Divulgação)

Onze dias após seu desaparecimento, o submarino argentino ARA San Juan continua, neste domingo (26), perdido no mar, com 44 tripulantes, e sem sinais de encontrá-lo, apesar dos equipamentos modernos usados em sua busca no Atlântico sul. "O maior esforço de busca se concentra nas unidades de superfície (embarcações)" com sonares e radares, revelou o porta-voz naval, Enrique Balbi, ao dar o único boletim diário da situação. As operações de buscas se organizam na maior base da Marinha argentina, em Bahía Blanca, 800 km ao sul de Buenos Aires. A nova esperança de encontrar o submergível, que parece ter sofrido uma explosão, são os modernos equipamentos de detecção enviados por Estados Unidos e Rússia. Ambas missões ainda não chegaram à área de rastreamento, a mais de 450 km da costa da Patagônia (sul). "Não há antecedentes de uma mobilização desta magnitude (14 países) na história naval da humanidade. A busca mais difícil no mar foi a do Titanic, na imensidão, depois de quase um século, sem nenhum tipo de precisão da localização e a 5.000 metros. E foi encontrado. Tenho a convicção de que o ARA San Juan será achado", disse à AFP o engenheiro naval Horacio Tettamanti. "O resgate do submarino levará tempo", avaliou, no entanto, o analista e especialista em questões militares Rosendo Fraga, da consultoria Nueva Mayoría. O leito marinho no local das buscas "é muito irregular, com muitos cânions e ravinas. Será difícil encontrá-lo. Pela pressão, a cabine pode sofrer danos irreversíveis", disse Carlos Zavalla, ex-comandante do navio, em um programa especial do Canal 13 da televisão argentina na noite deste sábado. O ARA San Juan se comunicou pela última vez em 15 de novembro, às 13H45 GMT (11H45 de Brasília). Horas antes, tinha relatado um defeito nas baterias e navegava em direção a sua base no porto de Mar del Plata, 400 km ao sul de Buenos Aires. Enquanto isso, familiares desesperados dos marinheiros fizeram duras críticas ao controle das informações oficiais e se disseram enganados. "Sofremos muito quando nos disseram que tinham sete ligações do submarino e depois nos disseram que não tinham certeza. Os familiares estão sob muita pressão", disse Itatí Leguizamón, mulher do cabo da Armada Germán Suárez, tripulante do ARA San Juan, no mesmo programa. Tensão política "O nível de acidentes nas forças armadas tem estado acima do normal e isso tem a ver com a antiguidade do material e a limitação de recursos para manutenção e treinamento", disse Fraga à AFP, ao aventar as possíveis razões do acidente. A Armada argentina descartou taxativamente que o submarino tenha sofrido qualquer tipo de ataque. "Cerca de 90% do equipamento das Forças Armadas argentinas tem entre 30 e 50 anos. No caso do submarino San Juan, ele foi incorporado à Armada há 32 anos, e era uma das embarcações mais modernas", revelou Fraga. O descuido na modernização das forças armadas "é consequência de uma visão antimilitarismo que surgiu no mundo político após o último golpe militar (e ditadura, entre 1976 e 1983) e da falta de prioridade do tema militar nas últimas décadas", afirmou o analista. O episódio despertou tensões no governo, apesar de o presidente Mauricio Macri ter pedido, nesta semana, para "não se aventurarem a procurar culpados". No entanto, segundo fontes militares citadas pela imprensa local, o contra-almirante Gabriel González, chefe da base naval de Mar del Plata, teria solicitado a reforma. "Irmãos no mar" Neste domingo, as zonas de buscas registraram ondas de três metros e ventos fortíssimos, segundo boletins meteorológicos. À operação somou-se o navio civil norueguês Sophie Siem, com uma cápsula americana de resgate, que zarpou de Comodoro Rivadavia, um porto situado 1.750 km ao sul da capital. Antes de partir, em um momento emocionante, o capitão do navio, Aníbal Miranda, agradeceu aos marinheiros, inclusive aos americanos presentes, chamando-os de "irmãos do mar", constatou a AFP. Mas a ilusão de que os submarinistas sejam encontrados com vida no fundo do mar desaparece a cada dia. Embora tenha dito que considera "descartada toda capacidade de sobrevivência a partir do 14º dia", Tettamanti disse que "tampouco descarto um milagre". "Além do luto, a questão será se a tragédia trará o debate necessário sobre a reforma militar, que é uma grande matéria pendente, desde antes de Macri chegar (em 2015)", disse Fraga. O ARA San Juan foi lançado na Alemanha em 1983. Desde 1985, é um dos três submarinos da Armada (Marinha de guerra) argentina. Entre 2008 e 2014, foi submetido a reparos de meia vida.

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