A Arábia Saudita obteve nesta sexta-feira (31), em Meca, o apoio quase unânime de seus aliados árabes frente ao Irã, depois dos ataques e sabotagens a petroleiros e oleodutos, ao que Teerã respondeu acusando Riad de "semear a divisão" na região
A Arábia Saudita obteve nesta sexta-feira (31), em Meca, o apoio quase unânime de seus aliados árabes frente ao Irã, depois dos ataques e sabotagens a petroleiros e oleodutos, ao que Teerã respondeu acusando Riad de "semear a divisão" na região.Riad convocou uma cúpula extraordinária do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) na cidade santa do oeste do país e outra da Liga Árabe realizadas em Ramadã, entre quinta e esta sexta-feira. A terceira e última cúpula, na noite de sexta e de sábado, será a da Organização da Cooperação Islâmica (OCI).Esses encontros ocorrem em meio a tensões na região pelas acusações mútuas entre o Irã e os Estados Unidos e as sabotagens de barcos em águas dos Emirados Árabes Unidos em 12 de maio, assim como pelos ataques com drone contra um oleoduto em 14 de maio na Arábia Saudita, reivindicado pelos rebeldes no Iêmen.Os Estados Unidos enviaram reforços militares à região, referindo-se a "ameaças" iranianas.As relações entre Estados Unidos e Irã estão no ponto mais baixo desde a retirada unilateral em 2018 da administração de Donald Trump do acordo internacional sobre o tema nuclear iraniana.Os Estados Unidos reforçaram depois das sanções econômicas para o Irã e inscreveu os Guardiães da Revolução, exército ideológico do regime iraniano, na lista negra de "organizações terroristas".Durante as cúpulas árabe e do CCG, o rei Salman, que lidera o país que mais exporta petróleo no mundo, fez fortes acusações contra o Irã, que acusa "de ações criminosas", ingerência nos assuntos de seus vizinhos e ameaças ao fornecimento de petróleo para o mercado mundial.Em seu comunicado final, a cúpula do CCG expressou sua solidariedade com a Arábia Saudita e renovou seu "apoio à estratégia americana sobre o Irã, inclusive no que se refere aos programas nuclear e balístico, suas atividades de desestabilização, seu apoio ao terrorismo (...) e às atividades hostis dos huthis" no Iêmen.- "Usar todos os meios" -Em um discurso na cúpula árabe, o rei Salman pediu para "usar todos os meios" para dissuadir o Irã, país produtor de petróleo e membro da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) como vários outros países do Golfo.O comunicado final da cúpula árabe consagrou dez de seus onze pontos para denunciar as "ingerências" do Irã, seu "comportamento ameaçador", seu apoio aos rebeldes huthis e suas "ameaças" ao tráfico marítimo. O Iraque, que tem estreitas relações com o Irã, não aprovou esse comunicado.Em Teerã, o porta-voz das Relações Exteriores, Abas Musavi, acusou a Arábia Saudita de "continuar semeando a divisão entre os países muçulmanos e a região, que é o desejado pelo regime sionista (Israel, NDLR)"."Vemos nas tentativas da Arábia Saudita de mobilizar os países vizinhos e árabes contra o Irã o prolongamento das fúteis tentativas dos Estados Unidos e do regime sionista", acrescentou.Antes das reuniões em Meca, o conselheiro americano para a segurança nacional John Bolton, percebido como o principal instigador da dura política americana em relação ao Irã, havia declarado que o país está por trás dos atos de sabotagem de 12 de maio.O Irã nega as acusações, classificando-as de "risíveis".- Catar, presente -Apesar da ruptura entre Catar e Arábia Saudita, o primeiro-ministro catariano, xeque Abdala bin Naser Al-Thani, participou nas reuniões de Meca.Este é o primeiro responsável catariano de alto escalão do governo a ir ao reino saudita desde que a Arábia Saudita e três de seus aliados (Emiratos, Bahrein e Egito) romperam em junho de 2017 com Catar, acusado de apoiar grupos extremistas e que reprovam sua aproximação com o Irã. O governo catariano negou que apoie extremistas.Os Estados Unidos, aliado da Arábia Saudita e do Catar, saudou a participação deste último. Washington tentou em várias ocasiões de mediar para solucionar essa crise que afeta sua estratégia de isolamento do Irã.Não está claro por enquanto se a viagem do primeiro-ministro catariano significa um princípio de desgelo nas relações entre Catar e Arábia Saudita.