MOSCOU

Rússia prende 1.200 em operação contra imigração

Prisões foram em mercado onde houve manifestações xenófobas após o assassinato de russo

France Press
14/10/2013 às 07:36.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:20
Foram detidos para verificação de um eventual envolvimento em crimes, segundo a polícia (France Press)

Foram detidos para verificação de um eventual envolvimento em crimes, segundo a polícia (France Press)

A polícia deteve nesta segunda-feira 1.200 pessoas em uma operação contra imigrantes em Moscou, um dia após distúrbios xenófobos pelo assassinato de um jovem russo que deixaram 23 feridos e que mostram um aumento do racismo e do ultranacionalismo no país.A polícia de Moscou deteve 1.200 pessoas em um mercado atacadista do subúrbio de Biriuliovo, ao sul da capital de Moscou, onde trabalham principalmente imigrantes de países do Cáucaso e da Ásia Central, mas também pessoas provenientes do sul da Rússia, indicou à AFP o serviço de imprensa da polícia. Estas pessoas foram detidas para verificar seu eventual envolvimento em crimes, explicou a polícia. Este mesmo mercado foi cenário no domingo de manifestações a gritos de "Rússia para os russos" após o assassinato de um jovem russo na semana passada em uma rua deste bairro por um homem identificado como proveniente do Cáucaso. Entre os 23 feridos em confrontos entre manifestantes e policiais na noite de domingo, oito pessoas, entre elas dois policiais, foram hospitalizadas, indicou o ministério da Saúde, citado pela agência Interfax. O prefeito de Moscou, Vladimir Sobianin, anunciou extensas operações policiais nesta segunda-feira, após uma reunião com o presidente Vladimir Putin. "Foi decidido nesta reunião mobilizar forças adicionais, entre elas os serviços de controle migratório, para restaurar a ordem", declarou Sobianin, citado pela Interfax. Segundo um jornalista da AFP em Moscou, veículos policiais patrulhavam o bairro de Biriuliovo nesta segunda-feira e os acessos ao mercado estavam bloqueados. Além disso, grupos de moradores seguiam demonstrado sua hostilidade frente aos imigrantes. O canal Rossia 24 mostrou imagens de fileiras de homens escoltados, com as mãos para cima, por policiais russos. O prefeito de Moscou também anunciou operações policiais em outros mercados da capital e em locais onde suspeita-se que abrigam imigrantes clandestinos. "É indispensável para entender a amplitude do problema e ajudar a polícia a encontrar o criminoso (que assassinou o jovem russo na semana passada)", declarou. Os moradores do bairro de Biriuliovo protestaram no domingo para exigir a prisão do assassino e o fechamento do mercado, considerado por muitos como um viveiro de criminosos, mas a manifestação acabou levando a confrontos violentos. Diante dos distúrbios, as autoridades colocaram em estado de alerta as forças policiais da capital e enviaram grupos antidistúrbios a Biriuliovo e ao centro de Moscou, onde as autoridades temem que ocorram grandes manifestações ultranacionalistas similares às de 2010. A polícia anunciou, por sua vez, a prisão de 380 pessoas após os incidentes ocorridos no domingo, que estavam sendo interrogadas nesta segunda-feira. O autor do assassinato que originou os distúrbios, apontado, segundo o jornal Izvestia, como um cidadão do Azerbaijão, ainda não foi identificado. A vítima, um jovem de 25 anos, voltava para casa junto a sua namorada quando foi apunhalado. O assassinato foi gravado por câmeras de segurança e meios de comunicação russos informaram que o suposto assassino é um imigrante do Cáucaso. A Rússia, que carece de mão de obra, em parte devido a uma grave crise demográfica, acolhe milhares de imigrantes de países asiáticos ou de ex-repúblicas soviéticas. Estes imigrantes trabalham geralmente clandestinamente em ateliês de confecção ou em mercados de Moscou ou de outras grandes cidades russas e vivem em condições extremamente difíceis. Paralelamente, o número de manifestações xenofóbicas na Rússia aumentou nos últimos anos, uma mostra do crescente sentimento racista neste país. Veja também Sobreviventes dizem ter sido alvos de tiros Embarcação, que transportava várias centenas de imigrantes, saiu na quinta-feira (10) de Zuara Sobe para 359 o número de mortos no naufrágio Apenas 155 pessoas sobreviveram ao naufrágio do barco, que transportava 545 refugiados Ato pró-reforma migratória tem oito legisladores presos A passeata pelo centro de Washington terminou ainda com outras dezenas de pessoas detidas

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