O dirigente norte-coreano Kim Jong Un e o presidente sul-coreano Moon Jae-in conversaram nesta sexta-feira sobre "desnuclearização e paz permanente", de acordo com Seul, em uma reunião de cúpula histórica após um aperto de mãos simbólico na linha de demarcação militar que divide a península
O dirigente norte-coreano Kim Jong Un e o presidente sul-coreano Moon Jae-in conversaram nesta sexta-feira sobre "desnuclearização e paz permanente", de acordo com Seul, em uma reunião de cúpula histórica após um aperto de mãos simbólico na linha de demarcação militar que divide a península.Kim disse que estava tomado pela emoção ao atravessar a linha e tornar-se o primeiro governante norte-coreano a pisar em território sul-coreano desde a guerra da Coreia (1950-53).Por convite de Kim, os dois caminharam de mãos dadas pelo lado norte-coreano da fronteira e depois seguiram a pé até a Casa da Paz, em Panmunjom, onde foi assinado o armistício de 1953. "Vim aqui determinado a enviar um sinal de partida ao atravessar a marca do início de uma nova história", disse Kim, que comanda um país acusado de violação dos direitos humanos.O tema do arsenal nuclear da Coreia do Norte estava na agenda."Os dois dirigentes tiveram um diálogo sincero e franco sobre a desnuclearização eo estabelecimento de uma paz permanente na península coreana e o desenvolvimento das relações intercoreanas", afirmou o porta-voz da presidência sul-coreana, Yoon Young-chan.Moon espera concluir "um acordo audaz para dar um grande presente ao povo coreano em seu conjunto e às pessoas que desejam a paz".Kim estava acompanhado por sua irmã e conselheira, Kim Yo Jong, e com o responsável norte-coreano pelas relações com o Sul, enquanto Moon foi assistido pelo diretor de Inteligência sul-coreana e por seu chefe de gabinete. O encontro ilustra a espetacular distensão na península desde que Kim surpreendeu o mundo ao anunciar, em janeiro, que seu país participaria nos Jogos Olímpicos de Inverno, organizados em fevereiro pelo Sul.E precede um encontro com o presidente americano, Donald Trump. "Kim Jong Un discutirá com franqueza (...) todos os problemas que surjam para melhorar as relações intercoreanas e alcançar a paz, a prosperidade e a reunificação", afirmou a agência estatal KCNA antes da viagem.A Coreia do Norte registrou um rápido avanço dos programas nuclear e balístico sob o comando de Kim, que herdou o poder após a morte de seu pai em 2011. - "Difícil" -Em 2017, Pyongyang realizou o teste nuclear mais potente de sua história e lançou mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com capacidade de atingir o território continental dos Estados Unidos.A tensão atingiu um nível extremo. Kim e Trump trocaram ameaças e insultos pessoais.Moon aproveitou os Jogos de Inverno para iniciar um diálogo com Pyongyang, explicando que a reunião de cúpula intercoreana serviria de base para o encontro entre o Norte e Washington.A Casa Branca emitiu um comunicado no qual destaca sua "esperança de que as negociações levem a um avanço em direção a um futuro de paz e prosperidade para toda a Península Coreana".O presidente Trump exigiu que o Norte renuncie às armas nucleares. Washington quer uma desnuclearização total, verificável e irreversível.Mas o chefe de gabinete da presidência sul-coreana, Im Jong-seok, advertiu na quinta-feira que nada foi conquistado de antemão.Os avanços tecnológicos dos programas balístico e nuclear do Norte significam que qualquer acordo será "fundamentalmente diferente por natureza dos acordos de desnuclearização concluídos nos anos 1990 e no início dos anos 2000", disse. "É o que torna esta reunião de cúpula especialmente difícil". Pyongyang pede garantias, que não foram especificadas, para abrir mão de seu arsenal. O governo da China, aliado histórico de Pyongyang, elogiou o encontro entre as Coreias e chamou o aperto de mãos entre Kim e Moon de "momento histórico"."Aplaudimos o histórico passo dos líderes coreanos e apreciamos sua coragem e decisões políticas", disse Hua Chunying, porta-voz do ministério das Relações Exteriores.- A árvore da paz -No passado, para a Coreia do Norte os termos desnuclearização da península eram entendidos como a saída das tropas americanas presentes no Sul e o fim do guarda-chuvas nuclear que Washington presta a seu aliado, algo impensável para os Estados Unidos."Agora os grandes temas são a paz e a desnuclearização", disse à AFP o professor John Delury, da Universidade de Yonsei. O tema das famílias separadas pela fronteira também poderias ser abordado. Após uma hora e 40 minutos de conversa, Kim e sua delegação cruzaram a fronteira para almoçar no Norte.Antes do encontro da tarde, Kim e Moon devem plantar uma árvore na fronteira, que "representará a paz e a prosperidade na Linha de Demarcação Militar, que é um símbolo da confrontação e da divisão há 65 anos", informou Seul. De acordo com a Coreia do Sul, as esposas dos dois governantes participarão no banquete organizado ao final do encontro de cúpula.bur-amz/mdo/sgf-an/erl/fp