entrevista com Ciro Gomes

'Quero um vice da produção, ligado ao SE'

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT, disse ao Estado que convidou Josué Gomes, presidente da Coteminas e filho de José Alencar (vice-presidente no governo Lula), para ser vice em sua chapa

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
27/04/2018 às 11:48.
Atualizado em 28/04/2022 às 07:03

'Quero um vice da produção, ligado ao Sudeste do País', diz Ciro (Divulgação)

O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato à Presidência pelo PDT, disse ao Estado que convidou Josué Gomes, presidente da Coteminas e filho de José Alencar (vice-presidente no governo Lula), para ser vice em sua chapa. Josué é considerado também o vice ideal pelo PT. Para Ciro, uma aliança com o PT é "possível e até desejável", mas "improvável". Ciro ainda falou sobre o trio de formuladores econômicos de seu programa de governo - Mauro Benevides Filho, Nelson Marconi e Mangabeira Unger -, defendeu a revogação da reforma trabalhista e se comprometeu com a da Previdência. A seguir, os principais trechos da entrevista: Quem o sr. imagina para vice? Eu gostaria de escolher alguém da produção ligado ao Sudeste brasileiro, Minas Gerais, São Paulo. Já tem nomes? Tem nomes. Josué Gomes da Silva, da Coteminas, é um deles? É sim, com certeza. Somos amigos há anos. Fui amigo do pai dele, José Alencar. Eu já disse a ele: se quiser, é dele. O sr. tem conversado com o ex-prefeito Fernando Haddad. Há chance de aliança com o PT? É possível e até desejável, mas muito improvável. Nesse momento existem variáveis pendentes de definição. Do ponto de vista do PT, a mais grave, e eu tenho que respeitar isso com toda dignidade, é o momento que eles estão vivendo. Seu principal líder preso e eles constrangidos a uma solidariedade que ainda afirma a candidatura do Lula, mesmo preso e inelegível. Olho com respeito o tempo do PT, mas toco minha bandinha. Até onde vai essa solidariedade? A bandeira 'lula Livre' vai fazer parte da sua campanha? Minha solidariedade pessoal deriva de um fato histórico. Não conheci Lula pela televisão. É um velho camarada de mais de 30 anos, com quem já tive discordâncias, mas trabalho junto há mais de 16 anos. Fui ministro dele. Dói no meu coração ver um ex-presidente que fez tanto bem ao País preso. A política, entretanto, tem uma crueldade. Nossa responsabilidade é com o futuro de 206 milhões de pessoas. Minha solidariedade não me tira a disciplina de produzir uma alternativa para o Brasil, independentemente do destino do Lula e do PT. Mas o sr. vai levar a bandeira do 'Lula Livre' para a campanha? Eu gostaria de ver o Lula livre dentro dos mecanismos da democracia e do estado de direito. Não me parece ser a providência mais razoável fazer um acampamento com palavras de ordem insultando o Judiciário às vésperas do julgamento. Das duas uma: ou você confia nas instituições e recorre a elas para corrigir injustiças ou não confia. É a favor da revisão da possibilidade de prisão em 2ª instância? O mundo civilizado inteiro garante apenas dois graus de jurisdição para crimes comuns. É muito raro que se dê a um julgamento de crime comum quatro graus de jurisdição. O correto era corrigir a distorção institucional que, hoje, garante quatro graus de jurisdição. Como avalia decisão do PT de manter a candidatura do Lula, mesmo como ele preso? Há limite para isso. É preciso respeitar o tempo do PT. Acredito que o PT vai ter candidato próprio e não vai convergir em uma unidade no primeiro turno. Como avalia o fator Joaquim Barbosa? É a novidade do momento. Ele entra com a biografia do juiz do mensalão. Esteve por um ano no horário nobre da Globo esgrimindo decência e moralidade, que é uma grande demanda. A mim me parece que não basta ser decente e dar exemplo de combate à corrupção. É preciso responder à questão da saúde, da educação e da violência. Teme que Barbosa ocupe espaço na centro-esquerda? Não posso temer isso, pelo contrário. Tem um ditado no Ceará que diz: quanto mais cabra, mais cabrito. Não me sinto incomodado com a presença de um homem como Joaquim Barbosa ou de uma mulher como a Marina (Silva), mas não vou me omitir de denunciar o fascismo de uma candidatura 'bolsaloide'. Tenho o dever de proteger nossa nação dessa coisas que na Alemanha deram no Hitler. Que reformas o sr. defende, quem será o ministro da Fazenda? Antes que meu patrão, o povo brasileiro, me dê a tarefa, não posso adiantar ministro. Mas tenho alguns nomes que estão me ajudando. Três nomes que estão coordenando o programa. Mauro Benevides Filho, ex-secretário de Fazenda do Ceará. Trabalha comigo há muitos anos. O outro é o professor Nelson Marconi, da FGV de São Paulo. Ele coordena o programa como um todo. E há uma figura polêmica para quem não o conhece profundamente, Mangabeira Unger. O que pretende fazer sobre a reforma trabalhista? Não vou para cima do muro. A reforma trabalhista tem que ser revogada pura e simplesmente. Esta representa uma aberração selvagem. E a reforma da Previdência? O Brasil não pode ter medo de se reformar. O sr. defende algum tipo de privatização? O Brasil precisa um projeto nacional de desenvolvimento. A privatização deve ser uma ferramenta. Mas como pode o Brasil imaginar privatizar a Eletrobrás? Para mim é um crime. Há quem se preocupe com o temperamento do sr. durante a campanha. Sou o que sou, um indignado. Fui criado a maior parte da minha vida em escola pública no interior do Ceará. Tem colegas meus que morreram em uma prisão. Se expresso com um pouco mais de calor a minha indignação, ok, são essas as manchas do meu paletó.

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