O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, enfrenta nesta semana os protestos mais intensos em seus 11 anos de governo, que deixaram três mortos até essa sexta-feira (20)
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, enfrenta nesta semana os protestos mais intensos em seus 11 anos de governo, que deixaram três mortos até essa sexta-feira (20). As manifestações são contra um pacote de reformas na previdência social.As manifestações continuaram nesta sexta, pelo terceiro dia, com marchas e barricadas em alguns pontos da capital e em cidades como Ticuantepe, onde forças antimotins reprimiram um protesto."Estamos contra dessas reformas, para que este governo entenda que está acertando o bolso dos nicaraguenses e jogando o povo na fome", exclamou indignado Juan Bautista, que acusou as forças de segurança de reprimir um protesto."O povo está cansado desta repressão", gritava outra senhora.Segundo a polícia, até o momento os confrontos deixaram três mortos e 29 feridos, sendo dois civis e 27 policiais. A oposição aponta mais de 60 feridos nos protestos, que persistiam na noite desta sexta-feira em Manágua. Os empresários reunidos no Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep) anunciaram seu apoio aos protestos e a adesão à passeata convocada para a próxima segunda-feira."Estamos convidando nossas empresas, empresários e trabalhadores para a passeata" de segunda-feira, disse o presidente do Cosep, José Aguerri, em entrevista coletiva.Aguerri exortou o governo a evitar o prosseguimento do "derramamento de sangue" e buscar o diálogo.Estudantes enfrentaram nesta sexta-feira a polícia e levantaram barricadas em torno da Universidade de Engenharia.Partidários do governo agrediram manifestantes nos arredores da Catedral de Manágua, onde voluntários recolhiam alimentos para os estudantes em protesto e atendiam feridos.Outro grupo tentou atear fogo a uma das chamadas "árvores da vida", gigantescas estruturas metálicas e iluminadas que simbolizam o governo.Em outro ponto, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra jovens que ocupam desde a quinta-feira a Universidade Politécnica (Upoli).Nas Colinas, ao sul da capital, manifestantes levantaram pequenas barricadas e com as mãos para o alto pediram aos policiais que não os reprimissem.Quatro canais de televisão independentes foram bloqueados nesta quinta-feira quando transmitissem as manifestações e nesta sexta-feira dois deles continuavam fora do ar.Moradores de alguns bairros da classe média de Manágua bateram panelas na noite de quinta-feira contra as reformas impulsionadas pelo governo.A líder dos camponeses que se opõem ao projeto de canal interoceânico, Francisca Ramírez, anunciou que apoiarão os protestos popular, enquanto o governo preparava a mobilização de seus partidários para a tarde de sexta-feira.A onda de protestos iniciada na quarta-feira deixou pelo menos três mortos, dois jovens manifestantes e um policial, segundo a vice-presidente e porta-voz oficial, a primeira-dama Rosario Murillo.A polícia reportou dois civis feridos pelo impacto de bala na quinta-feira, enquanto a oposição denunciava mais de vinte feridos nos distúrbios dos últimos dois dias.A organização de escritores Pen Nicaragua denunciou que pelo menos 11 jornalistas foram agredidos enquanto cobriam as manifestações.