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Protestos antirracistas têm 2 mortos

Violência em Winsconsin segue pela terceira noite; menor é detido por suspeita de assassinatos

France Press
27/08/2020 às 08:40.
Atualizado em 28/03/2022 às 17:50
As manifestações se espalharam de forma violenta por Kenosha e também em outras cidades dos EUA (Kamil Krzaczynski/AFP)

As manifestações se espalharam de forma violenta por Kenosha e também em outras cidades dos EUA (Kamil Krzaczynski/AFP)

Um jovem de 17 anos foi preso por assassinato ontem após duas pessoas serem mortas durante protestos contra a polícia na cidade americana de Kenosha, em Wisconsin, segundo a polícia de Antioch, Illinois. As pessoas morreram atingidas por tiros na terça-feira à noite, durante protestos antirracistas após uma operação no fim de semana em que um policial branco baleou um afro-americano. Trump vai mandar tropas federais para conter os protestos. Acusado de homicídio intencional em primeiro grau (homicídio doloso), "o suspeito neste incidente, um residente de Antioch de 17 anos, está atualmente sob a custódia do sistema judicial do condado de Lake, enquanto aguarda uma audiência de extradição para transferir a custódia de Illinois para Wisconsin", acrescentou. A violência explodiu quando centenas de manifestantes protestavam pela terceira noite consecutiva nesta cidade do estado de Wisconsin. A revolta é motivada pelo vídeo que mostra o momento em que Jacob Blake foi atingido por vários tiros à queima-roupa disparados por um policial branco de Kenosha. Blake, 29 anos, tentava entrar em seu veículo, no qual estavam seus três filhos, quando foi baleado no domingo. O caso mais recente de violência policial contra um afro-americano gerou protestos em outras cidades dos Estados Unidos, incluindo Nova York e Minneapolis, como parte do movimento Black Lives Matter (As Vidas dos Negros Importam). O Departamento de Polícia de Kenosha informou que seus oficiais responderam, junto com outras agências, a relatos de um tiroteio com várias vítimas pouco antes da meia-noite. "O tiroteio resultou em duas mortes, e uma terceira vítima baleada, que foi levada ao hospital com ferimentos graves, mas que não representam uma ameaça a sua vida", anunciou a polícia no Twitter. A mensagem afirma que a investigação está "ativa e em curso". Algumas horas antes, vídeos divulgados na Internet mostraram pessoas correndo pelas ruas de Kenosha, enquanto tiros eram ouvidos. Outras gravações mostraram homens feridos deitados no chão. O comunicado policial disse ainda que "os investigadores estão cientes dos vídeos que estão circulando nas redes sociais vinculados a este incidente". Civis armados A maioria dos protestos aconteceu de maneira pacífica, mas alguns manifestantes incendiaram carros e imóveis nas noites de domingo e segunda-feira em Kenosha. Antecipando outra noite de protestos, as autoridades instalaram uma cerca de ferro na terça-feira diante do tribunal do condado, cenário de confrontos entre policiais e manifestantes nos dias anteriores. Quando os confrontos começaram, as forças de segurança deslocaram veículos blindados para a área do tribunal e usaram balas de borracha, enquanto os manifestantes responderam com fogos de artifício. Vários civis armados estavam nas ruas de Kenosha na terça-feira, incluindo um pequeno grupo integrado principalmente por homens brancos, que afirmavam que pretendiam proteger as propriedades privadas. Um dos vídeos divulgados, verificado pela AFP e gravado pelo fotógrafo Alex Lourie, mostra um homem sentado no chão sangrando muito por um ferimento a bala no braço, enquanto viaturas da polícia se aproximam e agentes gritam para que as pessoas se afastem. O ferido foi levado pelos agentes. Outro vídeo mostra um homem, que parece estar com um rifle, caído no chão antes que vários tiros sejam ouvidos, o que provoca a fuga de várias pessoas. Na terça-feira, a família de Blake pediu calma diante do aumento da revolta nos Estados Unidos por um novo caso de violência policial contra um cidadão negro. "Realmente, precisamos apenas de orações", afirmou Julia Jackson, mãe de Blake, no momento em que se planeja um protesto nacional em Washington para o fim de semana. Ela afirmou que o dano provocado nas noites anteriores de confrontos em Kenosha "não reflete o meu filho, nem a minha família". Também fez um apelo à unidade contra o racismo. O advogado de direitos civis Benjamin Crump, que representa os Blake - e a família de George Floyd, o afro-americano asfixiado por um policial branco em maio - afirmou que "será um milagre, se Jacob Blake voltar a andar". As balas destruíram uma parte de sua medula espinhal, assim como parte de seus rins, fígado e intestinos.  Enquanto a mãe afirmou que rezava pela polícia, seu pai acusou as forças de segurança de "tentativa de assassinato".  "Atiraram no meu filho sete vezes, como se ele não tivesse importância", afirmou Jacob Blake Sr. "Mas o meu filho importa. É um ser humano", completou. Trump envia tropas para conter excessos O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ontem o envio de reforços policiais e soldados da Guarda Nacional para impedir "saques" e a "anarquia" em Kenosha, onde ocorriam protestos que exigiam justiça para Jacob Blake. "Não vamos tolerar saques, incêndios criminosos, violência e ilegalidade nas ruas americanas", disse o presidente no Twitter, em sua primeira reação desde que Blake foi gravemente ferido pela polícia.   Trump relatou que o governador democrata de Wisconsin, Tony Evers, havia aceitado o envio de reforços federais para Kenosha, palco de violentos tumultos nas últimas três noites.  Já o candidato democrata para as eleições presidenciais americanas, Joe Biden, conversou com a família de Jacob Blake e lhe prometeu "justiça", segundo um tuíte do político. "Mais uma vez, um homem negro - Jacob Blake - recebeu disparos da polícia. Diante dos olhos de seus filhos. Isso me deixa doente", escreveu Biden em um texto no Twitter acompanhado por uma mensagem de vídeo.

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