INTERNACIONAL

Proposta do Brasil divide países sobre caça de baleias em reunião da CBI

Partidários e opositores da caça de baleias exibiram seus desacordos na noite desta quarta-feira durante uma reunião dos 89 países integrantes da Comissão Baleeira Internacional (CBI) em Florianópolis

AFP
12/09/2018 às 21:20.
Atualizado em 22/04/2022 às 05:14

Partidários e opositores da caça de baleias exibiram seus desacordos na noite desta quarta-feira durante uma reunião dos 89 países integrantes da Comissão Baleeira Internacional (CBI) em Florianópolis. O encontro fracassou na tentativa de forjar uma visão comum para a organização criada há 72 anos, que se divide entre os países pró e contra à caça de baleias. O comissário interino do Japão, Hideki Moronuki, disse que Tóquio não podia apoiar a visão do país anfitrião sobre o futuro da CBI contida na Declaração de Florianópolis, porque esta não incluía disposições para suspender uma moratória de 32 anos sobre a caça comercial de baleias. "Infelizmente, esta proposta nos levaria ao conflito e obstaculizaria seriamente tanto a conservação como a gestão da caça de baleias baseada na ciência", disse.A proposta brasileira insiste em que a caça comercial de baleias já não é uma atividade econômica necessária.O Japão propõe um pacote de "dupla abordagem" para a conservação e a caça comercial de baleias, que seria administrado por um novo "Comitê Sustentável de Baleias". Atualmente, o Japão cumpre formalmente a moratória de caça, mas explora uma lacuna jurídica para matar centenas de baleias por ano com "fins científicos" e vender sua carne.A pedido da CBI, tanto o Brasil como o Japão tentaram chegar a um compromisso sobre uma resolução híbrida.A Islândia, que junto com a Noruega ignora a moratória sobre a caça comercial de baleias, disse que o documento brasileiro, que proibiria a caça "científica" do Japão, não contribui para o consenso."Ficaria decepcionado se os países que antes apoiaram a caça aborígene de baleias estivessem de acordo com isto", disse o comissário de caça de baleias da Islândia, Stefan Asmundsson. Mas todos coincidiram mais cedo em renovar as cotas de caça de baleias limitadas às comunidades indígenas do Alasca, Rússia, Groenlândia e Caribe. "Esta manhã tive uma sensação de esperança e um sentimento de euforia com o apoio generalizado à caça de baleias de subsistência, mas esta resolução nos leva a pensar que há uma grande divisão na CBI", disse o Comissário de São Vicente, Edwin Snagg. O comissário de Mônaco, Frederic Briand, disse por sua vez que o mundo havia mudado muito desde que a CBI foi criada, em 1946, para administrar a caça de baleias. "Entendemos a fragilidade de nosso planeta. Do nosso oceano. A Declaração de Florianópolis está pedindo à CBI que se reoriente do uso letal para o uso não letal das baleias em alto mar". "Não vemos como se pode coincidir de alguma maneira com a proposta do Japão, que nos leva de volta aos anos desastrosos da caça comercial de baleias", acrescentou.db/dg/yow/db

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