A Procuradoria chilena informou nesta segunda-feira que deixou sem efeito um polêmico acordo de cooperação fechado na semana passada com a Conferência Episcopal para investigar abusos sexuais, após ser fortemente criticado por associações de vítimas
A Procuradoria chilena informou nesta segunda-feira que deixou sem efeito um polêmico acordo de cooperação fechado na semana passada com a Conferência Episcopal para investigar abusos sexuais, após ser fortemente criticado por associações de vítimas.O convênio obrigava os religiosos a denunciar em menos de 24 horas e uma vez conhecido o crime, mas comprometia a Procuradoria a não revelar a identidade da suposta vítima e a evitar que terceiros tivessem conhecimento sobre as ações contra instituições religiosas.Em um comunicado, o Ministério Público afirmou nesta segunda-feira que decidiu deixar sem efeito o convênio "após receber e ouvir diversas associações de vítimas" de abusos sexuais por parte de religiosos."O objetivo do convênio era gerar um canal de acesso à justiça para aquelas vítimas que denunciam no seio da Igreja, ampliando o padrão legal estabelecido e assegurando a confidencialidade das vítimas caso elas solicitem", acrescentou a Procuradoria.Já a Conferência Episcopal lamentou que o acordo "tenha causado um impacto doloroso em vítimas e sobreviventes de abuso", e garantiu que nunca tentaram "um tratamento diferenciado" de parte da Procuradoria.Para a Rede de Sobreviventes e a Fundação para a Confiança, o convênio constituía um recurso para "melhorar a imagem dos bispos chilenos".Ambas organizações também reclamaram do suposto tratamento especial que receberiam os "criminosos da Igreja Católica".O acordo foi firmado num contexto no qual há 166 investigações abertas sobre denúncias de abusos sexuais de religiosos na Procuradoria Nacional, cometidos contra 248 vítimas.O promotor Emiliano Arias, responsável pelos casos de abuso contra a Igreja, foi suspenso de suas funções enquanto se desenvolve uma investigação administrativa contra ele por tráfico de influência e revelação de segredos de alguns casos, entre outros delitos, informou nesta segunda-feira a Procuradoria.pa/msa/ll/lda/lca