O bispo da Diocese de Formosa, d. José Ronaldo Ribeiro: escândalo (Reprodução)
Uma operação do Ministério Público de Goiás resultou ontem na prisão do bispo da Diocese de Formosa, d. José Ronaldo Ribeiro, quatro padres e três auxiliares leigos. Eles são acusados de um esquema de desvios de recursos da Igreja Católica. A operação apura um esquema de apropriação do dinheiro de dízimos, doações, taxas de batizados e casamentos que eram destinados pelos fiéis às paróquias e à Cúria Diocesana de Formosa. O esquema criminoso teria desviado cerca de R$ 2 milhões, segundo o MP goiano. Os religiosos teriam usado os recursos para comprar bens pessoais, carros, uma casa lotérica e até uma fazenda de gado. A Justiça determinou a prisão temporária do grupo. Além de Formosa, as buscas e prisões foram realizadas em Posse e Planaltina, cidades do entorno do Distrito Federal (DF), atingindo as casas dos suspeitos, igrejas e um mosteiro. Desde o ano passado, fiéis vinham reclamando da falta de transparência nas contas das igrejas da região. No dia 14 de dezembro, um grupo de católicos protocolou representação no MP goiano apontando irregularidades que estariam acontecendo desde 2015, entre elas, a falta de balanço das últimas grandes festas, com apoio da comunidade, pela Catedral de Formosa. Em janeiro, houve um protesto que interrompeu a oferta de dízimo até que houvesse prestação de contas. De acordo com o promotor Douglas Chegury, do Ministério Público goiano, o bispo já havia sido denunciado por desvios quando estava à frente da Diocese de Janaúba, em Minas. “Ele veio transferido para cá e implantou um esquema semelhante. A Igreja Católica é vítima”, afirmou. Entre os detidos, também está o monsenhor Epitácio Cardoso Pereira, único sacerdote da diocese a ostentar o título honorário dado pelo papa a padres que se destacam em funções eclesiásticas. Na casa do monsenhor foram encontrados R$ 170 mil escondidos no fundo falso de um guarda-roupa, além de eletrônicos e relógios caros. O religioso alegou que o dinheiro provinha de doações nas igrejas, mas chamou a atenção dos promotores a grande quantidade de notas de R$ 50 e R$ 100. A investigação apurou que o monsenhor havia vendido uma caminhonete da diocese e forjado recibos. A Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) informou que o Vaticano acompanha o caso.